Segredos de campeã
A Acadêmicos do Tatuapé inova com análise de notas dos jurados e ‘sambista de carteirinha’
Quem vê fantasia, muitas vezes, não vê administração. Pois por trás de toda a beleza que levou a Acadêmicos do Tatuapé ao bicampeonato do Carnaval em 2018 está um estilo de gestão empresarial, que conta com análise detalhada sobre notas dadas por jurados em anos anteriores e até “sambistas de carteirinha”, com um programa de associados que dá fantasia para quem paga R$ 80 anuais e se dedica a ensaios.
Fundada em 1952, a Tatuapé chegou a ficar quatro anos sem desfilar nos anos 80. Estava fora do Carnaval.
O modelo foi implantado pelo presidente Eduardo dos Santos, em parceria com seus diretores, e deu resultado. Desde que voltou ao Grupo Especial em 2013, conseguiu um vice, além do bi.
A escola fornece as fanta- sias para os associados, mas cobra a devolução após a folia. Elas são reaproveitadas. “Fazemos toda a separação. Primeiro, da plumagem. Depois pedrarias, tecidos e arames. Montamos um catálogo com tudo o que a gente tem. Neste ano, economizamos entre R$ 600 mil e R$ 700 mil com isso”, diz. “Nunca tivemos um grande patrocinador, então tentamos diminuir as despesas”, conta.
Santos é um estudioso do Carnaval desde a adolescência, daí a vontade de analisar as notas com sua equipe. “É preciso entender o que é penalizado e se preparar para não receber essas punições.”
A Tatuapé também conta com pessoas que, do alto das arquibancadas do Anhembi, monitoram tanto ensaios quanto o desfile. É uma forma de ter o ponto de vista dos jurados.
Santos diz que tanto método é para que tudo flua naturalmente. “A gente não quer levar uma procissão burocrática, de pessoas robotizadas. Somos a favor da liberdade, mas queremos que isso aconteça de forma que não nos penalize”, afirma.