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Auxiliar técnico do Tricolor, Lucas Silvestre abandonou carreira de jogador para estudar Como nossos pais

Aos 30 anos, filho de Dorival Júnior quer seguir o caminho do treinador, mas sem pressa na escalada

- Valdívia, meia-atacante do São Paulo

Nome: Lucas Khodor Silvestre Profissão: Auxiliar técnico Nascimento: 28/12/87, em Araraquara (SP) Idade: 30 anos Quando jogador era: volante Clubes: Figueirens­e e Avaí

Trabalhar ao lado do pai não é tarefa fácil, mas Lucas Silvestre encara esse desafio há oito anos para, lá na frente, ter a sua oportunida­de na beira do campo.

Aos 30 anos, o filho de Dorival Júnior se orgulha ao dizer que desistiu da carreira dentro do gramado para ser auxiliar técnico. “Eu sempre tive a vontade de ser jogador, mas nunca amei aquilo. Eu me senti muito mais completo quando eu comecei a trabalhar como auxiliar técnico. Eu senti que tinha nascido para aquilo”, conta em entrevista ao Agora.

Lucas acompanhav­a o pai nos treinos desde os seis anos e, aos 11, teve a oportunida­de de entrar em um dos rachões comandados por Dorival. O caminho, no entanto, teve outro rumo. “Quando estava no juniores do Avaí, vi que não teria condições de seguir como atleta e fui me preparar. Fiz faculdade de educação física e cursos para me aprimorar. Comecei a trabalhar no Figueirens­e, como auxiliar técnico na base.”

Pep Guardiola, do Manchester City, é a principal inspiração do jovem. Livros, vídeos, tudo faz parte da rotina de Lucas, que precisou morar sozinho para que pai e filho não misturasse­m as coisas. Agora Como é trabalhar com o seu pai? Lucas Quando ele foi para o Atlético-MG, em 2010, ele precisava de mais alguém para ajudar. Eu já estava trabalhand­o na base do Figueirens­e e ele me levou para ser o segundo auxiliar. Em 2013, eu virei o primeiro auxiliar, mas no início foi complicado separar o pai do treinador. A gente morava junto e isso dificultav­a bastante porque você acaba levando os problemas de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Eu tive uma entrada mais facilitada, mas a cobrança em cima de mim, a responsabi­lidade, é muito maior. Eu sempre vou carre- gar o fato de ser filho do Dorival, onde eu for. Agora No que vocês se assemelham e se diferem? Lucas Na maneira de conduzir o trabalho, de conduzir o grupo, de levar o ambiente. Por outro lado, sou muito metódico, gosto das coisas muito corretas. Eu sou muito organizado, chato. Ele é mais flexível e isso é bom porque a gente se completa. Agora Quais são seus objetivos profission­ais? Lucas Eu nunca escondi de ninguém que quero ser treinador. Não tenho pressa e não preciso passar por cima de ninguém para que meu sonho aconteça. Eu tenho a aprender, porque ainda estou bastante verde. Agora O que te incomoda nesse meio do futebol? Lucas Falsidade, me incomoda muito. Eu sou muito sincero, transparen­te. A falta de sintonia das pessoas com o trabalho, também. São coisas que eu não consigo levar, porque não consigo entender quando você faz seu trabalho corretamen­te, honestamen­te, e pessoas não estão com o mesmo pensamento. Agora Quando o São Paulo estará mais bem encaixado? Lucas Não tem um prazo. Você tem de tentar fazer com que os jogadores que chegaram consigam se adaptar o mais rapidament­e possível àquilo que a gente faz há sete, oito meses com esse grupo. Vai demorar um pouquinho ainda para ajustar, para conseguir fazer com que eles cheguem no mesmo nível de treinament­o. Mas vamos ajudá-los. Agora Algumas pessoas dizem que o time não tem padrão de jogo... Lucas O que é padrão de jogo? Eu não sei se quando as pessoas falam isso elas sabem o que é. Temos uma maneira de pensar o futebol, temos nosso modelo de jogo e conceitos que trabalhamo­s para conseguir formar esse modelo de jogo. Quando você recebe jogadores no meio da competição, eles têm de se adaptar mais rapidament­e do que quem já estava no elenco. Isso não acontece de um dia para o outro e você demora um pouco mais para trabalhar em cima do “padrão de jogo” que as pessoas dizem que a equipe não tem.

 ?? Ronny Santos - 12.fev.18/Folhapress ?? O auxiliar técnico Lucas Silvestre (à esq.) distribui coletes para trabalho no São Paulo observado pelo pai; natural de Araraquara, ele tentou a carreira como jogador, mas desistiu para seguir o sonho de ser técnico
Ronny Santos - 12.fev.18/Folhapress O auxiliar técnico Lucas Silvestre (à esq.) distribui coletes para trabalho no São Paulo observado pelo pai; natural de Araraquara, ele tentou a carreira como jogador, mas desistiu para seguir o sonho de ser técnico

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