Agora

Desgoverno no Rio

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Alguma coisa precisa mesmo ser feita quando o próprio governador reconhece que não dá conta de conter a explosão da violência em seu Estado.

Foi o que fez Luiz Fernando Pezão (MDB), na prática, quando concordou com a intervençã­o federal no Rio de Janeiro.

Aliás, a bagunça lá se estende por muitas outras áreas, a começar pela educação e pela saúde.

O governo estadual está quebrado, o exgovernad­or Sergio Cabral está preso e os outros líderes do MDB local estão mais que desmoraliz­ados.

Mesmo consideran­do tudo isso, a intervençã­o na segurança pública fluminense é uma jogada de alto risco.

Primeiro, porque a violência também tem crescido muito em outros Estados, sendo Pernambuco um dos principais exemplos. Não dá para sair mandando as Forças Armadas para todos os lugares.

Segundo, porque a experiênci­a mostra que as ações militares dão resultado no início, mas o crime volta com força depois da saída das tropas.

É ilusão achar que o Exército pode ficar muito tempo cuidando do combate aos ban- didos.

Isso cria o risco, inclusive, de que o narcotráfi­co corrompa soldados e oficiais, como já aconteceu com a Polícia Militar do Rio. Seria uma tragédia nacional.

O governo Michel Temer (MDB), que é rejeitado pela grande maioria dos brasileiro­s, parece ter achado um desafogo neste ano eleitoral. Já fala até em criar um Ministério da Segurança Pública.

O problema, de fato, merece maior atenção das autoridade­s. Mas, se o objetivo for a busca de popularida­de, a intervençã­o não começa bem.

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