Haddad e Doria projeto para o Ibirapuera
Arquiteto recebeu total de R$ 102 mil, mas petista logo suspendeu contrato, e tucano o descartou
Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB) têm algo em comum além do cargo de prefeito de São Paulo: ambos desprezaram um projeto para o parque Ibirapuera elaborado por Paulo Mendes da Rocha, o mais premiado arquiteto brasileiro vivo.
Vencedor em 2006 do Pritzker Prize, espécie de Nobel da arquitetura, Mendes da Rocha, hoje com 89 anos, foi contratado em 2015 pela gestão Haddad para dar uma nova cara ao parque, com a revitalização do Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, a Oca, e das suas adjacências.
O contrato de R$ 680 mil foi assinado em 18 de dezembro de 2015. No mês seguinte, R$ 102 mil foram pa- gos ao arquiteto, que tem no currículo, entre outros trabalhos, o Museu Brasileiro da Escultura, o Sesc 24 de maio, o ginásio do clube Paulistano e a reforma da Pinacoteca.
O anteprojeto foi apresentado em 29 de março. No mês seguinte, ainda na gestão do petista, tudo começou a mudar. Ao alegar falta de recursos, a prefeitura suspendeu o contrato e engavetou o estudo elaborado por Mendes da Rocha. Um ofício com menos de 60 palavras foi enviado a ele. A alegação era “dificuldades de empenho dos recursos destinados aos pagamentos”.
Em dezembro passado, a gestão Doria, que pretende conceder o parque para a iniciativa privada, colocou uma pá de cal no assunto, decidindo rescindir o contrato com o arquiteto em razão também da falta de recursos.
No projeto, o arquiteto previa resgatar a ideia original de Oscar Niemeyer, transformando numa praça o estacionamento que hoje existe entre a Oca, o Auditório Ibirapuera e a extremidade norte da marquise.
O documento preparado por Mendes da Rocha também faz recomendações para o pavilhão de exposições, a Oca, tanto do ponto de vista arquitetônico como de suas instalações técnicas.
Procurado, o arquiteto não concedeu entrevista.