Repasses a de Lula estão na mira da Lava Jato
Para procuradores no Rio de Janeiro, há suspeita de desvio de dinheiro destinado ao Sesc e ao Senac
Uma nova fase da Lava Jato do Rio, deflagrada ontem contra mais um aliado do ex-governador Sérgio Cabral, acabou respingando também no escritório Teixeira, Martins & Advogados, responsável pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seus processos na Justiça.
Essa etapa da investigação fluminense, batizada de Jabuti, prendeu o presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, e aborda pagamentos milionários de honorários advocatícios pela entidade.
O foco da ação era os repasses da federação para o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, a título de vantagem indevida. Quebras de sigilo, porém, mostraram que o principal beneficiado dos repasses foi o Teixeira, Martins & Advogados, liderado pelo compadre de Lula, Roberto Teixeira, e pelo chefe da defesa do petista, Cristiano Zanin Martins.
Foram pagos R$ 68,3 mi- lhões em honorários ao escritório pela federação.
Existe a suspeita de que o dinheiro tenha sido desviado do Sesc-RJ e do Senac, órgãos que recebem verbas públicas e que também foram presididos por Orlando Diniz, e pagos a Teixeira para que ele atuasse politicamente a favor dele no governo federal, contra questionamentos à sua gestão.
Em entrevista, porém, os procuradores da Lava Jato no Rio disseram que esses pagamentos não são o alvo da Operação Jabuti nesse momento, que se concentra nos repasses da Fecomércio-RJ para Adriana Ancelmo.
“A gente vai tentar entender por que tamanha quantia de dinheiro para essas contratações‘, disse o procurador Felipe Bogado.
Em documentos públicos enviados à Justiça Federal, os procuradores são mais contundentes a respeito do elo entre Teixeira e Diniz.
Eles dizem que a Receita Federal mostrou que Diniz, “valendo-se de subterfúgios para utilizar verba pública federal do Sesc-Senac”, gastou R$ 180 milhões com serviços de advocacia sem seguir “regras mínimas”.