Diversidade vence bullying na escola com mais
Culturas diferentes criam ambiente de respeito em unidade do Brás, mesmo com os desafios do idioma
A escola com mais alunos estrangeiros do Estado tem o desafio diário de vencer as barreiras do idioma para ensinar melhor. Por outro lado, esse caldeirão cultural oferece, a alunos e professores, mais força contra o bullying.
A Escola Estadual Eduardo Prado, no Brás (região central), é a unidade que tem maior número de estudantes estrangeiros: de um total de 1.062 estudantes, 590 (55%) nasceram em outros países (veja quadro abaixo).
Toda sexta-feira, quando os alunos se postam em fila, em frente à bandeira do Brasil, para cantar o Hino Nacional, é possível ver a diferença de uma escola comum: há chineses, indianos, libaneses, bolivianos, peruanos e paraguaios, entre outros.
Esse ambiente é receptivo às diferenças, diz a diretora da escola, Maria Regina Candelária, 35 anos. “Esse perfil mudou dos cinco últimos anos para cá com a chegada de imigrantes ao país, muitos deles, refugiados. É diferente, é outra postura e visão de mundo. Como a diversidade é a maioria, todos acabam se ajudando.”
A síria Zobaida Al Hariri, 12 anos, do 8º ano, usa um lenço na cabeça, tradição religiosa em seu país, e conta que, no início, os colegas estranharam. “Tentaram arrancar, mas não conseguiram. Logo se acostumaram e, hoje, tenho muitos amigos.” Sua família deixou a Síria por conta da guerra.
O angolano Antonio Nsona Senga, 12 anos, hoje na 7ª série, estuda há dois anos na escola. Diz que, quando chegou, venceu o bullying e, mais do que isso, o racismo.
“Me olhavam estranho, como se a cor da minha pele fosse diferente. Fiquei triste. Chegaram a falar para eu voltar para meu país, na África. Apesar disso, hoje já me adaptei e adoro o Brasil”, conta ele, em português, língua oficial de Angola.
Desafio
“Um dos fatores que contribuem para o sucesso do imigrante na escola é a forma como é recebido e como o professor aborda a nova cultura da criança. Uma das formas de integração é contar sobre suas origens para os colegas, que também vão aprender sobre a nova cultura. É a diversidade”, diz Roseli Caldas, professora de psicologia do Mackenzie.