EUA têm movimento de estudantes
Secundaristas iniciam manifestação inédita por controle de armas após a morte de 17 estudantes na Flórida
O feriado chuvoso não impediu Ellie Asher, 15 anos, de sair de casa para protestar diante da Casa Branca. Embaixo do braço ela levava um cartaz com uma frase escrita à canetinha: “Proteja crianças, e não armas”.
Ellie foi uma dos milhares de alunos de ensino médio que passaram a semana em manifestações pelo controle de armas nos Estados Unidos, tema que voltou à tona após o ataque a tiros que deixou 17 mortos em uma escola na Flórida, no último dia 14.
Por todo o país, em um movimento sem precedentes, alunos saíram de suas escolas e marcharam até as assembleias estaduais, o Congresso ou a Casa Branca.
Em Washington, cerca de mil estudantes foram ao Capitólio na quarta-feira, onde chegaram de metrô e ensurdeceram as galerias da estação, com gritos de “chega de
garmas” e “já é suficiente”.
Ruas foram fechadas para a passagem do grupo, que caminhava com o apoio das buzinas. E novos protestos, incluindo uma marcha que promete reunir milhares na capital americana, em março, já estão programados.
“Eu só lembro de ter visto algo assim durante o movimento por direitos civis e na Guerra do Vietnã [anos 60 e 70]”, disse o professor Rowell Huesmann, da Universidade de Michigan, que pesquisa a exposição de crianças e adolescentes à violência.
Mais de 40 ataques a tiros de maiores proporções ocor- reram em escolas americanas desde 1994. Após cada um, o clamor para rever as leis para a venda e posse de armas —protegida pela Constituição— vem de pais, políticos e especialistas. A liderança dos adolescentes é inédita.
Redes sociais
Para muitos deles, a centelha da mobilização foi lançada no momento do ataque, quando foram compartilhadas nas redes sociais as primeiras imagens da chacina. “Rezem pela escola”, publicou um aluno, com a imagem de um corpo estendido na sala de aula.