Conversas de Lula
Mesmo num momento dramático de sua carreira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não perde a pose.
Na entrevista que deu ao jornal ‘Folha de S.Paulo’, o líder petista repetiu a ladainha de todo político suspeito ou acusado de malfeitos (ele já foi condenado).
Diz que é inocente, que tudo é perseguição dos adversários e que vai acabar absolvido.
Mas faz isso à vontade, com bom humor, como se estivesse numa conversa com amigos.
Outros políticos, nessa situação, ou ficam repetindo frases ensaiadas ou partem para o chororô.
Lula, claro, tem a vantagem de ainda ser muito popular entre os brasileiros. Isso certamente dá a ele mais confiança para falar.
O problema é que não há mágica capaz de fazer suas histórias pararem de pé.
O cacique petista diz que é vítima de tramoias que envolvem a Polícia Federal, o Ministério Público, o Judiciário e a imprensa.
Até o juiz Sergio Moro agiria a serviço de interesses dos Estados Unidos. E os americanos estariam de olho no petróleo brasi- leiro.
É tanta teoria da conspiração que até a revelação da famosa conversa do presidente Michel Temer (MDB) com o empresário Joesley Batista, da JBS, virou uma tentativa de golpe nas fantasias de Lula.
Quando é questionado sobre os favores que recebeu das empreiteiras, o ex-presidente sai pela tangente: diz que só trata disso com a Justiça.
Desse jeito, ele mostra sua habilidade para falar de qualquer coisa. Mas vai perdendo sua capacidade de iludir o público.