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Hospital deixa pacientes em maaccaass ee em corredor

Doentes dizem que têm que enfrentar dor e humilhação até ir para leito em unidade municipal

- (TC)

O forro do teto da ala pediátrica do Hospital Municipal Tide Setubal caiu em cima de pacientes, incluindo dois bebês, ontem à tarde, no temporal que atingiu a cidade. Ninguém ficou ferido.

A reportagem estava no local quando a água começou a jorrar do teto, em cima de cadeiras na sala de espera da ala pediátrica, seguindo pelos corredores até chegar à porta do pronto-socorro do hospital, que estava lotado.

Os pais de pacientes também foram atingidos pelo forro que desabou. “Caiu em cima de mim e da minha filha. Nos molhou e nossos documentos também”, conta a autônoma Miriam de Oliveira Santos, 27 anos, que estava com a filha de um ano e seis meses no colo.

Já a filha de sete meses da dona de casa Nádia Gabriela Aparecida Lacerda, 19 anos, estava com febre. “Aguardávam­os o resultado de uns exames de urina na sala de espera, quando isso aconteceu. Caiu em nós duas. Tomei um susto e saí correndo, com risco de cair com minha bebê no colo”, finaliza.

A Secretaria da Saúde afirmou que o conserto do forro será feito em 24 horas. De acordo com a gestão Doria, uma equipe de limpeza foi acionada, as mães e as crianças atingidas foram acolhidas e os atendiment­os não foram prejudicad­os.

Pacientes que deram entrada no Pronto-Socorro do Hospital Municipal Tide Setubal, em São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo), sob gestão João Doria (PSDB), estão internados em macas nos corredores. Outros ainda precisam esperar sentados por horas em cadeiras de rodas, por falta de leitos.

Além disso, a ala pediátrica, ao lado do pronto-socorro, ficou alagada após temporal que atingiu a capital, ontem (leia texto abaixo).

O Tide Setubal é o hospital onde foi constatada presença de superbacté­ria, resistente à maioria dos antibiótic­os, e que pode levar à morte, como mostrou reportagem do Agora na última terça-feira.

Ontem, por volta das 15h, havia 13 pacientes distribuíd­os pelo corredor da urgência. Alguns leitos eram rotativos. Outros abrigavam pacientes desde segunda-feira.

É o caso de um autônomo de 40 anos que pediu para não ser identifica­do. Chorando muito, ele contou que sentia dor e sede. Ele está internado porque vomitou sangue no início desta semana.

“Choro de tristeza por ter que ficar com uma fralda e uma sonda, sem ter ideia de quando vou ter alta. É humilhante ser exposto no corredor. Estou abalado. Os funcionári­os até são atenciosos, mas dizem que tem muita gente no hospital para ser atendida e não tem quarto para transferir”, conta ele.

Cadeira de rodas

A aposentada Maria Divino Martins, 60, diz ter ficado sentada em uma cadeira de rodas no corredor por sete horas, da 1h50 às 8h de anteontem, após dar entrada no hospital. “Ir para a maca, mesmo no corredor, acaba sendo um alívio. Ficar na cadeira é incômodo demais, tenho dores”, afirma.

Funcionári­os de uma ambulância que trazia uma paciente idosa tiveram que esperar por mais de uma hora até que o hospital conseguiss­e um leito para ela e, com isso, liberar a maca.

 ?? Fotos Robson Ventura/Folhapress ?? Pacientes em macas em corredor no pronto-socorro do Hospital Municipal Tide Setubal, em São Miguel Paulista (zona leste); unidade deixa doentes sentados horas em cadeiras de rodas devido à falta de leitos
Fotos Robson Ventura/Folhapress Pacientes em macas em corredor no pronto-socorro do Hospital Municipal Tide Setubal, em São Miguel Paulista (zona leste); unidade deixa doentes sentados horas em cadeiras de rodas devido à falta de leitos

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