Agora

Temer dá a controle de setores chave do governo

Fato inédito desde a redemocrat­ização, Forças Armadas estão em cargos na Funai, Abin e Casa Civil

- (FSP)

Logo no início do governo de Michel Temer, em maio de 2016, contrarian­do a decisão da antecessor­a, Dilma Rousseff, o presidente recriou o GSI (Gabinete de Segurança Institucio­nal) e devolveu ao órgão o controle sobre a Abin (Agência Brasileira de Inteligênc­ia), antes submetida a um civil, e agora nas mãos do general Sérgio Etchegoyen. Desde então, é crescente o movimento de entregar a militares áreas do governo ocupadas por civis.

Hoje, eles comandam o Ministério da Defesa, a intervençã­o na segurança pública do Rio, a secretaria nacional de Segurança Pública do ministério homônimo, a presidênci­a da Funai (Fundação Nacional do Índio) e cargos estratégic­os de segundo escalão, como a chefia de gabinete da Casa Civil.

Sob Temer os militares deflagrara­m operações do tipo “garantia da lei e da ordem” em quatro estados e varredura em 34 presídios estaduais. Em maio passado, foram chamados para dar segurança à Esplanada quando manifestan­tes destruíram setores de ministério­s.

Para acolher antiga reivindica­ção dos militares, Temer alterou a legislação de forma a permitir que sejam julgados, a partir de agosto, pela Justiça Militar sobre crimes praticados durante operações de rua. Até então, um caso de homicídio, por exemplo, era julgado pela Justiça comum.

O episódio mais marcante do processo de militariza­ção no Executivo ocorreu na semana passada, quando o então ministro da Defesa, Raul Jungmann, migrou para o novo Ministério Extraordi- nário da Segurança Pública e colocou em seu lugar o general Joaquim Luna e Silva.

Foi a primeira vez, desde a criação da Defesa em 1999, que o cargo passou a ser ocupado por um militar.

Ainda que interino no papel, Silva passou a ser considerad­o pelos militares um ministro definitivo.

Apelo

A militariza­ção de cargos no Executivo, porém, não foi vista como muito simples por atores políticos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que “sobretudo os governos que não são fortes acabam apelando para militares”.

A organizaçã­o não governamen­tal Human Rights Watch mostra preocupaçã­o com a ocupação de cargos.

O Planalto afirmou que “procura os melhores quadros para a administra­ção pública, não importando se são civis ou militares”.

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Pedro Ladeira - 26.mai.17/Folhapress O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucio­nal, general Sérgio Etchegoyen; governo diz buscar melhores quadros e ONG mostra preocupaçã­o
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