Sou trabalhadora, afirma professora que foi agredida
Servidora teve nariz quebrado por guarda em protesto na Câmara contra projeto de Doria
A professora Luciana Xavier da Silva, 41 anos, ainda se recupera da cacetada que quebrou o seu nariz durante a manifestação ocorrida anteontem, na Câmara Municipal de São Paulo, na região central contra mudanças na previdência dos servidores propostas pelo prefeito João Doria (PSDB).
O projeto original previa aumento de até 18,2% na contribuição previdenciária de servidores municipais —hoje é de 11%. Anteontem, uma comissão da Câmara aprovou um texto com algumas mudanças.
A pancada foi desferida por um guarda-civil durante a leitura do projeto em reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Luciana deverá aguardar até 3ª feira para saber se fará cirurgia.
“É doído, é triste. Vou continuar com meu espírito de luta, porque acredito que a gente precisa de um bem comum. Quero ser reconhecida como trabalhadora, não como heroína”, diz a professora, que está há 13 anos na rede municipal e trabalha em uma creche em São Miguel Paulista (zona leste).
Luciana conta que chegou à Câmara ainda pela manhã. Pegou senha e aguardou pela oportunidade de acompanhar a votação na CCJ. De repente, portões foram fechados e ninguém mais podia entrar. Após negociação e pressão dos manifestantes, foi liberada a entrada de 150 pessoas no prédio.
Durante a leitura do projeto, os manifestantes tentaram impedir o prosseguimento da sessão. “A gente estava visceralmente querendo defender a nossa vida. Estudamos para isso”, diz.
Então a tropa de choque da GCM entrou em ação, segundo ela. “Foi muito rápido. Tinha uma professora mais exaltada e eu a estava puxando. Quando o Choque entrou, só senti o melado descer do nariz”, diz. “Fui me manifestar pelos meus direitos e saí jorrando sangue.”
A professora lembra com detalhes do GCM que a acertou. “Ele tem em torno de 1,70 m. A pele muito branca, chegava a ser rosada, e usava óculos de grau”, descreve.
A professora lamenta a forma como o guarda a atacou. “Se o GCM agiu daquela forma, é porque existe uma formação ruim desses profissionais. Eles também são vítimas”, afirma a docente. Ensanguentada, Luciana pediu para ser atendida no Hospital do Servidor Público Municipal. “Acredito na minha categoria. Infelizmente, querem nos aniquilar”, diz. Luciana Xavier da Silva, professora, 41 anos