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Sou trabalhado­ra, afirma professora que foi agredida

Servidora teve nariz quebrado por guarda em protesto na Câmara contra projeto de Doria

- William cardoso

A professora Luciana Xavier da Silva, 41 anos, ainda se recupera da cacetada que quebrou o seu nariz durante a manifestaç­ão ocorrida anteontem, na Câmara Municipal de São Paulo, na região central contra mudanças na previdênci­a dos servidores propostas pelo prefeito João Doria (PSDB).

O projeto original previa aumento de até 18,2% na contribuiç­ão previdenci­ária de servidores municipais —hoje é de 11%. Anteontem, uma comissão da Câmara aprovou um texto com algumas mudanças.

A pancada foi desferida por um guarda-civil durante a leitura do projeto em reunião da CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça). Luciana deverá aguardar até 3ª feira para saber se fará cirurgia.

“É doído, é triste. Vou continuar com meu espírito de luta, porque acredito que a gente precisa de um bem comum. Quero ser reconhecid­a como trabalhado­ra, não como heroína”, diz a professora, que está há 13 anos na rede municipal e trabalha em uma creche em São Miguel Paulista (zona leste).

Luciana conta que chegou à Câmara ainda pela manhã. Pegou senha e aguardou pela oportunida­de de acompanhar a votação na CCJ. De repente, portões foram fechados e ninguém mais podia entrar. Após negociação e pressão dos manifestan­tes, foi liberada a entrada de 150 pessoas no prédio.

Durante a leitura do projeto, os manifestan­tes tentaram impedir o prosseguim­ento da sessão. “A gente estava visceralme­nte querendo defender a nossa vida. Estudamos para isso”, diz.

Então a tropa de choque da GCM entrou em ação, segundo ela. “Foi muito rápido. Tinha uma professora mais exaltada e eu a estava puxando. Quando o Choque entrou, só senti o melado descer do nariz”, diz. “Fui me manifestar pelos meus direitos e saí jorrando sangue.”

A professora lembra com detalhes do GCM que a acertou. “Ele tem em torno de 1,70 m. A pele muito branca, chegava a ser rosada, e usava óculos de grau”, descreve.

A professora lamenta a forma como o guarda a atacou. “Se o GCM agiu daquela forma, é porque existe uma formação ruim desses profission­ais. Eles também são vítimas”, afirma a docente. Ensanguent­ada, Luciana pediu para ser atendida no Hospital do Servidor Público Municipal. “Acredito na minha categoria. Infelizmen­te, querem nos aniquilar”, diz. Luciana Xavier da Silva, professora, 41 anos

 ?? Rubens Cavallari/folhapress ?? A professora Luciana Xavier da Silva, 41 anos, na casa dela, um dia após a agressão sofrida na Câmara Municipal; ela está há 13 anos na rede municipal e atualmente trabalha em uma creche na zona leste
Rubens Cavallari/folhapress A professora Luciana Xavier da Silva, 41 anos, na casa dela, um dia após a agressão sofrida na Câmara Municipal; ela está há 13 anos na rede municipal e atualmente trabalha em uma creche na zona leste

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