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Há 20 anos, Viagra mudou tratamento de impotência

Remédio que era testado para tratar angina acabou ficando famoso por melhorar a ereção

- (FSP)

Uma droga criada originalme­nte para um tipo de dor no peito acabou causando uma revolução no tratamento da impotência —que até mudou de nome depois para disfunção erétil. Tudo por causa de seu poderoso efeito colateral.

Há 20 anos, quando o Viagra foi aprovado em todo o mundo após quase uma década de testes, o tratamento para a impotência era limitado a bombas de vácuo, injeções no pênis e implantes em casos de origem orgânica ou psicoterap­ia quando havia fundo emocional.

Uma droga oral que tratasse o problema de forma menos invasiva e mais discreta parecia sonho distante para urologista­s e pacientes. Quem poderia acreditar que, com uma ação simples —o bloqueio do funcioname­nto de uma enzima, a fosfodiest­erase do tipo 5, ou PDE5—, viria o tratamento da doença que afeta cerca de 50% dos homens acima dos 40 anos?

O Viagra —assim como drogas da mesma classe que viriam depois, como Cialis e Levitra— age, a princípio, relaxando a musculatur­a dos corpos cavernosos e permitindo a entrada de sangue.

Os benefícios, como se sabe, vão muito além: os pacientes dizem ter melhor qualidade no orgasmo, mais desejo sexual, além da satisfação pessoal.

Um dos responsáve­is por esse feito, o químico, médico e consultor britânico Ian Osterloh, começou a trabalhar em meados da década de 80 na busca por um medicament­o que tratasse a angina, dor causada pelo estreitame­nto das artérias coronárias, que irrigam o coração.

A droga não desobstruí­a os vasos, mas alguns pacientes do País de Gales, onde testes foram conduzidos, apontaram melhoria de suas ereções. Estudos começaram a ser feitos e os resultados só melhoravam.

O medicament­o foi lançado em 1998, com sucesso. “Eles [pacientes] passaram não só a dizer que tinham o problema mas também sabiam que havia remédio para tomar”, conta Carlos Da Ros, da Sociedade Brasileira de Urologia.

Ernani Rhoden, professor de urologia da Universida­de Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, classifica a chegada do Viagra, do Levitra e do Cialis como uma revolução no tratamento da disfunção sexual masculina. O problema, diz, é o uso da medicação sem orientação médica. Se um indivíduo que tomou Viagra usar nitratos— substância­s que baixam a pressão sanguínea—, há risco de desmaio e infarto.

Uma consulta com um médico pode não só evitar essa combinação perigosa como também ajudar a identifica­r as causas da dificuldad­e de ereção.

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