Agora

Favela do Rio mantém medo e tráfico

- (FSP)

Rio O objetivo da intervençã­o federal na segurança pública na favela Vila Kennedy, zona oeste do Rio, é retirar barricadas instaladas pelo tráfico e garantir que serviços públicos e privados entrem na favela. Porém quem se embrenha e permanece lá depois que os militares saem vê que o recuo do tráfico não tem sido completo.

O trabalho na Vila Kennedy, segundo os militares, vai servir como modelo para futuras ações em outras favelas. Depois de seguidas operações e início de patrulhame­nto ostensivo, os militares consideram a favela estabiliza­da, jargão que significa que não há focos de resistênci­a armada à presença dos soldados.

De fato, não houve registro de tropas recebidas a tiros. O fato de a imprensa conseguir circular sem ser parada por traficante­s é sinal de recuo.

No entanto, há limites. Na quarta, a reportagem foi instruída por um militar a não passar de certo ponto numa das principais vias da favela. No início da ação, militares retiravam barricadas instaladas pelo tráfico, e os criminosos as colocavam de volta.

Na quinta-feira, novamente havia barricadas, mas essas, dizem as Forças Armadas, não haviam sido reinstalad­as. Os militares apenas não haviam avançado até aquele ponto no patrulhame­nto da favela.

A reportagem também viu o que parecia ser um ponto de venda de drogas discreto funcionand­o numa parte da favela onde os soldados não estavam patrulhand­o. Os homens não estavam armados, como de costume, mas seguiam atuando. Segundo um morador, aquele local é, de fato, uma boca de fumo.

Quatro moradores disseram que a praça Miami, à beira da avenida Brasil, é tomada por vendedores de drogas à noite, quando o patrulhame­nto cabe à Polícia Militar.

No início do mês, quando os soldados já faziam operações diárias, ladrões roubaram uma igreja da favela quando os soldados se retiraram. Um dia após outra operação militar, um idoso morreu vítima de bala perdida e uma moradora foi baleada.

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