Agora

Mesmo com contas na Suíça, Paulo Preto continua livre

Delatado por sete pessoas como sendo operador da propina tucana, ex-diretor da Dersa não foi preso

- (FSP)

O ex-diretor da Dersa (Desenvolvi­mento Rodoviário), Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, tem muito mais sorte do que o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-deputado Eduardo Cunha, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque, e os marqueteir­os João Santana e Mônica Moura.

Todos eles foram presos pela Lava Jato porque tinham contas no exterior nas quais recebiam recursos de propina ou de caixa dois.

Sobre Souza, apontado como operador de propinas do PSDB por sete delatores da Lava Jato, as autoridade­s da Suíça informaram que tinha uma conta com R$ 120 milhões e havia transferid­o a grana em 2016 para Nassau, paraíso fiscal no Caribe.

Apesar da aparente tentativa de retirar o dinheiro de um país que tem congelado valores suspeitos, não houve pedido de prisão contra ele. Procurador­es de São Paulo dizem que não podem comentar o caso porque a investigaç­ão está em curso.

O critério aplicado a Souza é um desvio no padrão da Lava Jato. Desde que a operação começou, em março de 2014, ao menos 11 pessoas foram presas por possuir ou movimentar contas na Suíça e outros paraísos fiscais, de acordo com levantamen­to feito pela reportagem.

Paraíso fiscal

As autoridade­s brasileira­s ficaram sabendo, por meio de comunicado do Ministério Público da Suíça, que o exdiretor da Dersa transferiu 35 milhões de francos suíços para Nassau em junho de 2016. O documento era sigiloso, mas a defesa de Souza tornou-o público ao encaminhar um pedido ao Supremo para que o caso seja analisado por aquela corte.

Segundo a defesa, a apuração deve ficar no Supremo por causa das menções ao senador José Serra (PSDB-SP), que tem foro especial e foi citado como beneficiár­io da suposta propina. Outro político mencionado por delatores no caso de Souza é o ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores). Ambos negam ter recebido recursos ilegais de Paulo Preto.

O caso está desde setembro com o ministro do Supremo Gilmar Mendes, mas, até agora, não houve decisão.

O padrão do Supremo tem sido manter na corte os casos de políticos que têm foro especial e mandar para a primeira instância os processos daqueles que não gozam desse tipo de proteção.

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