Agora

O mundo dá voltas

Hoje no São Caetano, Pintado desiste do sonho de comandar o Tricolor e afirma que faltou planejamen­to

- Alinne fanelli

Há um ano, o ex-jogador Pintado não imaginava que sua vida mudaria tanto. Ele deixou o São Paulo há nove meses e hoje comanda um embalado São Caetano.

Aos 52 anos, o treinador diz não guardar mágoa. Logo após a demissão de Rogério Ceni, em julho de 2017, a diretoria tricolor tirou Pintado do cargo de auxiliar e lhe ofereceu a função de cuidar da transição de atletas da base para o time principal. Ele não aceitou e deu adeus.

Acabou ali, também, a expectativ­a do profission­al em dirigir o São Paulo no futuro.

O treinador transformo­u totalmente o São Caetano neste Paulistão. Quando ele chegou ao clube, a equipe somava quatro derrotas e só uma vitória. O Azulão amargava a lanterna, e aí veio uma reação impression­ante.

Pintado só perdeu uma vez desde que chegou. Em nove jogos, são quatro triunfos, quatro empates e um revés. Não é derrotado há seis confrontos. No último sábado, venceu o São Paulo no jogo de ida das quartas de final.

Amanhã, os clubes se enfrentam novamente no Morumbi, e o time do ABC tem a vantagem do empate. Em entrevista ao Agora, o técnico diz que o confronto é especial, mas que não busca se vingar do antigo clube. Agora Você vê luz no fim do túnel para o São Paulo? Pintado Vejo caminho, mas não vejo algo rápido para ser resolvido. Eu conheço o Raí e sei que tem uma direção a ser seguida. A torcida está angustiada, sofrendo. Títulos importante­s estão distantes nesse momento. Não dá para o torcedor imaginar, esperar que vai dar certo. Não foi assim nos últimos tempos. O Raí, o Ricardo [Rocha] e o Lugano têm um desafio muito grande. São homens do futebol e acredito neles. Agora Acha que a sua saída já estava sendo articulada? Pintado Não foi planejado, tenho certeza de que isso não estava em discussão. Mas tem de aparecer um culpado. Alguém imaginou que as mudanças que foram feitas poderiam resolver alguns problemas e hoje vemos que não. Não tenho nenhuma mágoa, não sou rancoroso. Só tenho amigos, alegrias e boas recordaçõe­s. Fiquei chateado, triste por não poder ajudar como eu gostaria. Agora Como vê agora o Jardine como auxiliar fixo? Pintado O que é mais legal e me deixa esperanços­o é que foi o Raí quem planejou. Ele ofereceu uma situação para o Jardine crescer profission­almente, amadurecer e, quando as coisas estiverem melhores, crescer junto com o time. Tudo o que uma comissão técnica precisa, independen­temente de ser fixa, é de um caminho a seguir, orientação: ‘O que vamos fazer?’, “Do que vocês precisam?’. Essa orientação é tudo o que o profission­al precisa. Algo como ‘vamos por aqui e vamos chegar àquele lugar’. Só a conversa não adianta. Agora Faltou isso no período em que você esteve lá? Pintado Tenho certeza. Não tínhamos um caminho a ser seguido, não sabíamos para onde ir e havia a urgência dos resultados. Agora Sonha em comandar o São Paulo? Pintado Não tenho mais esse sonho. Eu tinha, me preparei e estudei. Quando fui treinador interino por quatro jogos, ganhei três e perdi um. Eu queria, mas eu sabia me colocar no lugar de um auxiliar fixo do clube, ajudando treinador e passando informaçõe­s. Estou feliz aqui no São Caetano. Organizei a equipe taticament­e, buscamos um norte e demos um pouco de conforto para cada atleta fazer sua função em cima da sua caracterís­tica. Aí oferece a condição de ter um bom resultado. Isso nos fortalece psicologic­amente, dá ânimo e muita confiança.

 ?? Rivaldo Gomes - 17.mar.18/folhapress ?? O técnico Pintado, do São Caetano, durante o confronto contra o São Paulo; sob o comando do ex-jogador, o Azulão só perdeu uma vez em nove partidas
Rivaldo Gomes - 17.mar.18/folhapress O técnico Pintado, do São Caetano, durante o confronto contra o São Paulo; sob o comando do ex-jogador, o Azulão só perdeu uma vez em nove partidas

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