Nicolas Sarkozy é detido por irregularidades de campanha
O ex-presidente francês é questionado sobre um suposto financiamento líbio na eleição de 2007
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, 63 anos, foi detido pela polícia ontem para interrogatório.
As autoridades investigam a denúncia de que sua vitoriosa campanha eleitoral de 2007 foi financiada pela Líbia —à época, governada pelo ditador Muammar Gaddafi, morto nos protestos violentos de 2011.
Essa investigação está aberta desde 2013, no rastro das informações publicadas um ano antes pelo site Mediapart, que trazia um documento líbio apontando o financiamento ilegal.
É a primeira vez que o expresidente conservador depõe sobre o caso, no entanto, e a história tem o potencial de ser um dos grandes escândalos políticos franceses destas décadas.
Segundo o jornal francês Le Monde, o ex-presidente foi mantido nas dependências da polícia judiciária em Nanterre, no oeste de Paris. Ele pode ficar detido por dois dias para o interrogatório, segundo a legislação francesa de “garde à vu”, uma custódia policial. É possível que ele precise depor a um juiz antes de solto.
O governo francês descreve a custódia policial como “medida de privação de liberdade durante uma investigação judicial”. Entre seus objetivos está a garantia da aparição do investigado diante da Justiça.
Também se busca impedir, dependendo do caso, a destruição de evidências ou a coerção de testemunhas. O instrumento se parece, assim, com a prisão temporária brasileira, que tem duração máxima de cinco dias para os crimes comuns.
Sarkozy, que foi presidente de 2007 a 2012, diz que a denúncia é “grotesca”. Um de seus aliados próximos, Brice Hortefeux, um ex-ministro do Interior, também foi interrogado durante a terça-feira.
Há outras denúncias de financiamento ilegal de Sarkozy, desta vez em relação à campanha eleitoral 2012, quando foi derrotado pelo socialista François Hollande. A acumulação de denúncias é uma das razões pelas quais Sarkozy não venceu as primárias de seu partido, os Republicanos, para disputar o pleito de 2017. Mesmo desconsideradas as acusações, os laços entre Sarkozy e Gaddafi são criticados há anos no país.