Em pré-campanha, Alckmin omite erros de crise da água
Governador tucano exalta o empréstimo de bombas para o Nordeste e esquece lado nebuloso da seca
Há pouco mais de um ano, quando já planejava sua candidatura à Presidência da República, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Pernambuco para vistoriar o uso de bombas hidráulicas em um trecho da transposição do rio São Francisco. Sem nenhum custo, elas haviam sido emprestadas a estados do Nordeste.
Os equipamentos são os mesmos empregados emergencialmente pelo governo paulista, em 2014 e 2015, para captar água do fundo de represas quando a Grande São Paulo vivia grave seca e risco de desabastecimento.
Mais do que uma ajuda de São Paulo, emprestar ao Nordeste equipamentos que estavam encostados serviu para que Alckmin aumentasse sua presença em uma região na qual engatinha em popularidade. E foi com esse gancho que o governador passou a usar a superação da crise hídrica paulista como uma plataforma política nacional.
Ontem, em Brasília, o tucano visitou o Fórum Mundial da Água, dançou forró, exaltou as ações de seu governo contra a crise hídrica paulista e defendeu o fim de impostos federais sobre o saneamento.
O discurso oficial do tucano em redes sociais, entrevistas e propagandas pagas pelo governo, porém, infla dados e omite todo o lado nebuloso da crise hídrica de São Paulo.
Por exemplo, a falta de transparência na adoção do racionamento, a tentativa de negar a gravidade da crise e a decisão de segurar medidas impopulares para contenção do consumo de água somente para depois das eleições.
No auge da seca, a gestão de Alckmin foi alvo de fortes críticas. ANA (Agência Nacional de Águas, órgão federal) e TCE (Tribunal de Contas do Estado) apontaram falta de planejamento mesmo diante dos indícios de que uma forte seca atingiria São Paulo.
Para ele, São Paulo “é um exemplo no sentido de enfrentamento da crise e superação da crise”. “A Sabesp é uma empresa extremamente aberta, a população teve uma resposta maravilhosa e rapidamente conseguimos equacionar uma seca que foi a maior dos últimos cem anos”, disse.
Oficial
O PSDB formalizou ontem a pré-candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República.