Tempos de selvageria
Sempre ouvimos que o futebol é o reflexo da sociedade. Em tempos de violência extrema no Brasil —a caótica situação do Rio não me deixa mentir— e no mundo, não poderia ser diferente no planeta bola. É evidente que atos de selvageria dentro e fora dos gramados existem desde os primórdios do futebol, mas não me lembro de um período em que a brutalidade foi tão banalizada como agora.
Ultimamente são tantos casos de tentativa de agressão a árbitros, invasões de campo, briga de jogadores, atleta socando gandula e emboscadas e assassinatos em rodovias que episódios de violência começam a se tornar comuns. Ninguém mais fica chocado ou indignado.
Só nas últimas três semanas, houve casos de barbárie de todos os tipos: Um cartola do PAOK invadiu o gramado armado para tirar satisfação com o árbitro e paralisou o Campeonato Grego. Na Itália, dois jogadores do Ascoli apanharam de dez torcedores na frente de casa. Na Argentina, torcedores do Platense invadiram o ônibus dos jogadores e seus familiares, que foram roubados e xingados.
No Brasil, em Rondônia, um atleta do Vilhena foi alvo de racismo após o jogo com o Vilhenense. No Rio Grande do Norte, um bandeirinha prestou queixa ao levar chute do massagista do Potiguar. Isso sem contar a entrada criminosa do vascaíno Rildo no botafoguense João Paulo, que deveria ser caso de polícia.
Mais perto de São Paulo, em Itaquaquecetuba, um corintiano morreu espancado por santistas. Já o beque Luizão foi agredido por torcedores e deixou o Marília. O goleiro Paes, do São Caetano, saiu das redes sociais e teme pela família —foi ameaçado por uma falha.
Do jeito que a coisa anda, com a proximidade dos rebaixamentos, eliminações e clássicos decisivos nos Estaduais, não custa abrir o olho.