Agora

As contas do TCM

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É bom abrir o olho quando um governante e seus aliados políticos criticam um órgão que tem o papel de fiscalizar os atos do governo.

É o que estão fazendo o prefeito João Doria (PSDB) e boa parte dos vereadores, descontent­es com o trabalho do Tribunal de Contas do Município.

O tucano já andou dizendo que muitos programas da prefeitura atrasaram por causa de exageros na ação do TCM.

Esse seria o caso, por exemplo, de licitações para os serviços de zeladoria.

O presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (DEM), foi mais longe: disse que há um movimento para modificar ou mesmo extinguir o tribunal.

É bem possível que toda essa bronca seja coisa de momento. Quem está no poder sempre quer governar com mais liberdade, para mostrar serviço logo.

Por isso é preciso ir com calma nessa discussão. Não dá para ficar sem um órgão que vigie a prefeitura. E o TCM passou a ser mais atuante nos últimos anos.

Mesmo levando isso em conta, há de fato muito o que consertar no tribunal.

Para começar, ele tem 657 funcionári­os, dos quais só 168 são auditores (ou seja, responsáve­is pelo trabalho principal do órgão). Outros 175 são nomeados, não se sabe bem para fazer o quê.

Os gastos com salários são exagerados. Os cinco conselheir­os ganham R$ 30,5 mil por mês. Com outras vantagens, o valor pode passar de R$ 36 mil.

Aliás, eles deveriam ser escolhidos com critérios técnicos, e não por indicação política.

Tudo isso pode e deve mudar. Mas para reforçar, não enfraquece­r, a fiscalizaç­ão.

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