Lula admite Haddad como plano C do PT ao Planalto
Durante encontro, petista traça planos para o caso de não poder disputar a eleição presidencial
Foi num encontro com três amigos e uma garrafa de uísque no instituto que leva seu nome, em SP, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez sem rodeios sobre o mapa de sobrevivência a ser implementado pelo PT caso sua candidatura seja barrada.
Caso seus recursos no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal) não vinguem, e a Justiça Eleitoral o impeça de entrar na disputa de outubro, sentencia, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad deve se preparar.
Em 13 de março, dia da conversa com os amigos, o STF (Supremo Tribunal Federal) ainda não havia proibido a prisão de Lula até 4 de abril, quando a corte retomará o julgamento do habeas corpus pedido pela defesa para evitar que ele seja preso antes de esgotados todos os recursos no processo que o condenou a 12 anos e um mês de cadeia por conta do caso do tríplex do Guarujá (86 km de SP).
O ex-presidente usou de habitual metáfora para resumir como avalia a situação de Jaques Wagner, seu preferido para substituí-lo nas urnas. Disse que o ex-governador da Bahia levou um tiro, só não se sabe “se no peito ou na canela”.
Lula referia-se à operação que investiga desvios nas obras da Arena Fonte Nova, em Salvador. Jaques é suspeito de ter recebido R$ 82 milhões em propina.
Na conversa, argumentou que educação será tema importante na eleição, o que foi visto como senha para manter Haddad —ex-ministro da Educação— nessa raia.
Filhos
Lula desconsidera fugir do país e se disse preocupado com os filhos que, segundo ele, têm sido perseguidos, não conseguem arrumar emprego e podem ficar em uma situação ainda pior se o pai for preso.
Pelo menos dois dos cinco filhos do ex-presidente enriqueceram na gestão do petista ao firmarem contratos com empresas que tinham negócios com o governo.
Os dois empresários, Fábio Luís e Luis Claudio, este dono da LFT Marketing Esportivo e alvo da Operação Zelotes, viram as firmas naufragarem após as investigações.
Já Marcos Cláudio, filho do primeiro casamento de Marisa Letícia e adotado por Lula, mudou-se com a mulher para Paulínia (117 km de SP) e chegou a trabalhar com venda de carvão.