Pastor é preso por liderar falsificação de diplomas
Suspeito e outras seis pessoas foram presas no Itaim Paulista. Documentos saíam por até R$ 100 mil
Um pastor e outros seis suspeitos foram presos ontem acusados de comandar um esquema de venda de diplomas para cursos de graduação e pós graduação que envolvia ao menos oito faculdades particulares de cinco estados. Outras quatro pessoas são investigadas.
A venda era feita em um sobrado identificado como escritório de advocacia e contabilidade no Itaim Paulista (zona leste de SP). Eram oferecidos certificados para mais de 30 cursos de graduação e mais de mil cursos de pós-graduação. Também era possível comprar documentos das modalidades tecnólogo, extensão e até ensino médio.
Um diploma de administração, por exemplo, custava até R$ 35 mil e o de medicina, cerca de R$ 100 mil. A reportagem teve acesso a emails do Grupo Digamma Educacional, que é dono das faculdades e funcionava na casa da zona leste.
Em uma das mensagens, um funcionário pergunta: “Estou fazendo o histórico [escolar] dele, porém eu gostaria de saber se você quer um certificado ou diploma, e se é para fazer pela Facel, Fatesf ou Spei”, se referindo a um diploma de gestão comercial.
A empresa e o esquema eram comandados por um pastor da Assembleia de Deus conhecido como José Caitano Neto —não é possível saber se esse é seu nome verdadeiro porque ele possui mais de uma identidade. A igreja evangélica a princípio não tem relação com os crimes.
Para fazer os diplomas, eram usados assinaturas e históricos escolares falsos. Os documentos, por exemplo, emitidos pela Facel (Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras) e pela Spei (Sociedade Paranaense de Ensino e Informática) são assinados pela secretária Josefa Ambrósio Mourão e o diretor Saulo Gomes Pena.
No entanto, ambos nunca foram vistos por funcionários nas duas faculdades, em Curitiba, nem na sede da Digamma em SP. Quem fazia as assinaturas era o próprio Caitano Neto, como indicam fotos obtidas pela reportagem.
As outras seis instituições que o grupo detém são: Afirmativo, Fatesf, Fama, Ação, Fasvipa e EBS. As oito faculdades estão em cinco estados (PR, SC, MT, RO e AL), e ao menos quatro delas já têm processos administrativos abertos no Ministério da Educação por oferta irregular de ensino.