PF prende amigos de Temer e assusta aliados do Planalto
Em decisão, ministro do STF Luís Barroso diz que esquema de favorecimentos já existe há 20 anos
Uma operação da Polícia Federal fechou o cerco a Michel Temer com a prisão, ontem, de dois amigos do presidente, entre outras pessoas ligadas a ele. Detidos em São Paulo, o coronel João Batista Lima Filho e o advogado José Yunes são suspeitos de receber propinas e de atuar como “laranjas” do emedebista em suposto esquema de favorecimento a empresas do setor portuário.
A ação foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga se Temer recebeu vantagens em troca da edição do decreto que renovou concessões portuárias em 2017. Ele expediu mandados de prisão temporária (até cinco dias, prorrogáveis) contra outras 11 pessoas, incluindo antigos aliados de Temer, como o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB-SP), e empresários.
Em sua decisão, Barroso disse haver indícios de “um esquema contínuo de concessão de benefícios públicos, em troca de recursos privados, para fins pessoais e eleitorais, que persistiria por mais de 20 anos no setor de portos, vindo até hoje”.
O Palácio do Planalto já esperava uma nova investida da PF no inquérito, mas não dessa magnitude.
Na operação, batizada de Skala, também houve mandados de prisão contra os empresários Antônio Celso Grecco, do grupo Rodrimar, suspeito de pagar propina a Temer pela edição do decreto que renovou concessões portuárias; e três integrantes da família Torrealba, dona do grupo Libra, que fizeram doações eleitorais ao PMDB.
A PF havia requisitado conduções coercitivas dos envolvidos —essas medidas, no entanto, estão proibidas desde dezembro. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, entendeu que cabia, então, determinar as prisões temporárias dos envolvidos no caso.