Estádio de exceção
Aleluia! Sábado é dia de final! Com torcida única. É o fim. Aberração definitiva adotada sob o argumento de que seria uma decisão provisória... Senta lá, Cláudia, que lá vem história...olha o golpe! Pilhéria, mixórdia! Pega na mentira! Como toda medida provisória, adotada com a esperança premeditada de prejudicar de forma definitiva o povo... A troco de nada, afinal as mortes, ataques e brigas continuam acontecendo por todo o estado. Às vezes, dentro do estádio, entre os da mesma camisa. Quase sempre, fora dele, entre camisas iguais, similares, diferentes... Pouco importa. Violência promovida por gente como a gente que não é gente. Gente que, como o futebol, não faz parte de um mundo à parte. É parte doente que está por toda parte. Estão inseridas na lógica(?) do dente por dente, olho por olho, de uma sociedade que tem sede de exterminar o diferente. Verde proibido em Itaquera, preto vetado em Perdizes, ambos alijados do Morumbi. Trio de Ferro que não sobe a serra. Estado sitiado, civilidade no vermelho. Não, vermelho não pode porque é cor de mortadela. Ovo nela. Vermelho que responde mandando coxinha azul tomar caju. Verde, amarelo, branco, azul-anil, todo mundo errado, meu Brasil. Pseudo-ordem e retrocesso. É emblemático que falam em voltar com Educação Moral e Cívica na escola e que todo estádio agora é arena. À época, pra frente, Brasil, onde ia mal, um time no Nacional. Vivemos agora, perigosamente, como outrora, uma época sombria, doentia. Idiotia. Discurso raso, suprassumo do atraso aplaudido de pé. Tiro no próprio pé de quem será o primeiro a sofrer as consequências de um estado antidemocrático. Democracia não é só votar. É poder ir e vir. Algo que o torcedor paulista não pode mais. Não pode, ao menos se ele se identificar e vestir a sua cor de preferência. Indecência! É dever do Estado e direito do cidadão proporcionar lazer a todos. E vigiar os clubes, que ganham diversas isenções, para não promoverem a segregação. Futebol deixou de ser do povo para ser de poucos que podem pagar muito. Não se pode defender que seja assim. Na zona oeste, leste, sul, Baixada, futebol é comunhão, do pai com o filho, com o irmão. Mais Estado, mais povo no estádio, menos proibição, menos intervenção.