Agora

Estádio de exceção

- Vitor Guedes é jornalista, ZL, equilibrad­o e pai do Basílio

Aleluia! Sábado é dia de final! Com torcida única. É o fim. Aberração definitiva adotada sob o argumento de que seria uma decisão provisória... Senta lá, Cláudia, que lá vem história...olha o golpe! Pilhéria, mixórdia! Pega na mentira! Como toda medida provisória, adotada com a esperança premeditad­a de prejudicar de forma definitiva o povo... A troco de nada, afinal as mortes, ataques e brigas continuam acontecend­o por todo o estado. Às vezes, dentro do estádio, entre os da mesma camisa. Quase sempre, fora dele, entre camisas iguais, similares, diferentes... Pouco importa. Violência promovida por gente como a gente que não é gente. Gente que, como o futebol, não faz parte de um mundo à parte. É parte doente que está por toda parte. Estão inseridas na lógica(?) do dente por dente, olho por olho, de uma sociedade que tem sede de exterminar o diferente. Verde proibido em Itaquera, preto vetado em Perdizes, ambos alijados do Morumbi. Trio de Ferro que não sobe a serra. Estado sitiado, civilidade no vermelho. Não, vermelho não pode porque é cor de mortadela. Ovo nela. Vermelho que responde mandando coxinha azul tomar caju. Verde, amarelo, branco, azul-anil, todo mundo errado, meu Brasil. Pseudo-ordem e retrocesso. É emblemátic­o que falam em voltar com Educação Moral e Cívica na escola e que todo estádio agora é arena. À época, pra frente, Brasil, onde ia mal, um time no Nacional. Vivemos agora, perigosame­nte, como outrora, uma época sombria, doentia. Idiotia. Discurso raso, suprassumo do atraso aplaudido de pé. Tiro no próprio pé de quem será o primeiro a sofrer as consequênc­ias de um estado antidemocr­ático. Democracia não é só votar. É poder ir e vir. Algo que o torcedor paulista não pode mais. Não pode, ao menos se ele se identifica­r e vestir a sua cor de preferênci­a. Indecência! É dever do Estado e direito do cidadão proporcion­ar lazer a todos. E vigiar os clubes, que ganham diversas isenções, para não promoverem a segregação. Futebol deixou de ser do povo para ser de poucos que podem pagar muito. Não se pode defender que seja assim. Na zona oeste, leste, sul, Baixada, futebol é comunhão, do pai com o filho, com o irmão. Mais Estado, mais povo no estádio, menos proibição, menos intervençã­o.

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