Agora

40 minutos depois de tudo

- Marcos Guedes

Um dos desafios de escrever neste espaço é o tema (quase) livre.

Há semanas em que abundam assuntos e falta espaço. Há também aquelas, convém a honestidad­e, em que é necessário tirar algo da cartola porque a cabeça não está preenchida de boas ideias sobre as questões pertinente­s à coluna.

Esta não se enquadra em nenhuma das duas categorias. Tinha sido até tranquilo definir o mote do texto, baseado nos últimos testes da seleção brasileira antes da convocação para a Copa do Mundo. O plano era descrever o bem que poderia fazer um centroavan­te propriamen­te dito ao time de Tite.

Em uma equipe cheia de gente rápida e habilidosa, com poder de finalizaçã­o de fora da área, seria ótimo ter alguém que se apresentas­se na meia-lua para as tabelas, um alvo para os cruzamento­s nas frequentes chegadas ao fundo.

Mas as coisas começaram a mudar na terçafeira, quando o Palmeiras derrubou o Santos nos pênaltis. Na noite seguinte, o Corinthian­s passou pelo São Paulo com ainda mais sofrimento.

Aí, a Copa perdeu importânci­a. Todo o resto perdeu importânci­a. Justamente no dia da publicação destas linhas, começa o Dérbi do século, e só um assunto é possível.

Não só aqui. Não se engane, leitor. Todas as páginas deste jornal são Dérbi. A página A2, onde você vê uma moça bonita e fica sabendo que os atores Fábio Assunção e Maria Ribeiro estariam namorando, é Dérbi. A página A10, onde você se atualiza sobre vagas em concursos, é Dérbi. Tudo é Dérbi. Se “a morte não exime ninguém dos seus deveres clubístico­s”, como dizia Nelson Rodrigues, é Dérbi até para os fantasmas. O Fla-flu pode ter começado 40 minutos antes do nada, mas o Dérbi não acabará nem 40 minutos depois de tudo.

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