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Governo autoriza desconto da contribuiç­ão sindical

Se taxa for aprovada em assembleia geral da categoria, patrões terão que descontar; medida é polêmica

- (FSP)

A Secretaria de Relações do Trabalho, do Ministério do Trabalho, deu aval para a cobrança do imposto sindical de todos os trabalhado­res de uma categoria após aprovação da taxa em assembleia.

A contribuiç­ão, porém, deixou de ser obrigatóri­a com a reforma trabalhist­a, em vigor desde novembro.

Sindicatos têm realizado votações com a participaç­ão de alguns trabalhado­res para definir o recolhimen­to à toda a base. No entanto, a nova CLT afirma que o pagamento deve ser autorizado de forma expressa pelo empregado.

A secretaria emitiu uma nota técnica na qual concorda com os sindicatos. Mas o setor patronal diz que só vai descontar o imposto caso a autorizaçã­o seja feita de forma individual. No entanto, a nota reforça que a vontade da categoria, em assembleia geral, é que deve prevalecer.

O documento é assinado por Carlos Cavalcante Lacerda, secretário de Relações do Trabalho de Temer. A nota foi emitida em 16 de março, após a Fetrhotel (Federação Interestad­ual dos Trabalhado­res Hoteleiros) pedir esclarecim­entos, mas Lacerda diz ter mais de 80 pedidos do tipo. Atualmente, a Justiça tem garantido esse tipo de desconto dos trabalhado­res.

Para legitimar o imposto, Lacerda se baseia em entendimen­to da Anamatra (associação dos juízes do trabalho) a favor do tributo. A justificat­iva da associação, dos sindicatos e da Secretaria do Trabalho é que a reforma trabalhist­a reforçou que o acordo ou convenção coletiva vale mais do que a lei.

Lacerda disse que a reforma foi feita para gerar emprego e não deveria ter relação com a questão sindical. “Sem a contribuiç­ão, pequenos sindicatos não vão sobreviver. A nota pode ser usada para os sindicatos embasarem o entendimen­to de que a assembleia é soberana.” Os sindicatos comemoram. “O MTE adotou uma postura de equilíbrio”, afirmou Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhado­res).

Já os patrões são contra. Ivo Dall’acqua Junior, vicepresid­ente da Fecomercio­sp (federação do comércio), disse que a nota é inapropria­da. “Notas técnicas são orientador­as de fiscalizaç­ão, mas ela não foi feita pela área competente, onde atuam auditores fiscais.” Dall’acqua Junior afirmou que a Fecomercio­sp aguarda decisão do Supremo sobre a cobrança do imposto.

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