Coordenador de diversidade sexual do Rio sofre ataque
Nélio Georgini estava no carro com marido quando homens em moto o renderam e atiraram no veículo
Rio O coordenador Especial da Diversidade Sexual da prefeitura do Rio de Janeiro, Nélio Georgini da Silva, foi alvo de um ataque a tiros, na tarde do último domingo, na zona norte da cidade.
Silva teve o carro perseguido após deixar um restaurante onde estava com os pais e o marido.
“Saímos do restaurante, deixamos meus pais em casa. De repente veio uma moto. A moto foi nos seguindo, do meu lado [do banco do carona], com a arma apontada, eu dando instruções porque meu marido não conhece a região. Aí viramos numa rua e ouvimos os tiros. Nenhum atingiu o carro, não sei o que atingiram. O barulho da moto, a arma em punho e o som do carro ficaram registrados na minha memória”, disse ele, antes de dar depoimento à Polícia Civil.
O ataque acontece 18 dias após a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista serem assassinados a tiros na região central da cidade.
Filiado ao PRB, mesmo partido do prefeito Marcelo Crivella, Silva é evangélico da igreja presbiteriana, homossexual e militante na área de educação. Casado há oito anos com o bancário Ronie Adams, assumiu a coordenação da Diversidade Sexual do Rio em janeiro de 2017.
Silva afirmou que nunca havia sofrido ameaça por causa de sua atuação na causa LGBT na cidade.
“Sempre tive uma vida pacata. Sou um simples gestor da pasta [de diversidade sexual]. Talvez estivesse no lugar errado na hora errada. De fato estão matando todo o mundo no Rio. As pessoas tentam fazer essa relação entre o trabalho, averiguar mortes de travestis, e se expor [a risco de violência]. Mas isso é um dever do meu cargo. Não posso me calar, por medo, se uma travesti sofre alguma coisa. Não consigo acreditar que minha atuação profissional tenha algo a ver com o que aconteceu. Independentemente de ser evangélico, gay, não posso ter medo de sair da minha casa e ir até a dos meus pais.”