Agora

Julgamento de Lula infla debate sobre 2ª instância

Grupos se dividem a respeito de execução de pena do petista; atos pró e contra foram marcados

- (FSP)

Na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o STF (Supremo Tribunal Federal) tornou-se palco de um duelo de abaixo-assinados e desencadeo­u uma safra manifestaç­ões programada­s para amanhã.

Ontem, procurador­es, promotores e juízes levaram ao tribunal documento assinado por mais de 5 mil colegas, no qual pedem aos ministros para não mudarem o entendimen­to da corte que, em 2016, autorizou a execução da pena após condenação em segunda instância.

As assinatura­s começaram a ser recolhidas durante o feriado de Páscoa.

Por sua vez, advogados criminalis­tas e defensores públicos decidiram então fazer movimento semelhante, mas no sentido oposto, contra a segunda instância —e reuniram 3,6 mil assinatura­s.

O movimento se dá dois dias antes do julgamento do habeas corpus preventivo pedido pelo ex-presidente, marcado para quarta.

A discussão sobre a prisão após segunda instância está no centro do debate do HC: a defesa do petista quer evitar que ele comece a cumprir pena depois da condenação imposta pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). O julgamento do habeas corpus de Lula será sob a vigência do entendimen­to firmado pelo STF em 2016, de que a pena de um réu pode começar a ser executada após essa condenação.

No entanto, alguns ministros têm concedido habeas corpus, contrarian­do a maioria formada em 2016.

Desde que foi formada a maioria em 2016, houve mudanças de posição e de integrante­s da corte. Alexandre de Moraes substituiu Teori Zavascki mas, assim como o antecessor, é a favor da execução. Gilmar Mendes, que foi a favor da imposição da pena depois da condenação em segunda instância, agora é contra.

Novo julgamento

A ministra Rosa Weber foi vencida na ocasião. E desde então, afirmando seguir a jurisprudê­ncia do STF, a posição da maioria, tem votado a favor da execução. Essa inseguranç­a jurídica abriu espaço para o argumento de que, como o tribunal está dividido em relação ao tema, os ministros deveriam fazer um novo julgamento.

No documento entregue ao STF, entidades jurídicas pedem que os ministros analisem duas ações que tratam sobre prisão após segunda instância. São da relatoria de Marco Aurélio e foram liberados para a pauta em dezembro de 2017, mas Cármen Lúcia não pautou.

 ?? Mateus Bonomi/folhapress ?? A presidente do Supremo Cármen Lúcia falou ontem em pronunciam­ento na TV Justiça; STF analisará na quarta o habeas corpus pedido pela defesa de Lula
Mateus Bonomi/folhapress A presidente do Supremo Cármen Lúcia falou ontem em pronunciam­ento na TV Justiça; STF analisará na quarta o habeas corpus pedido pela defesa de Lula
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