Temer faz críticas indiretas sobre prisões de amigos
Sem citar nomes, o presidente Michel Temer criticou ontem em São Paulo pessoas sem “brasilidade em seu coração” que causam, nas palavras dele, embaraços ao seu governo.
“Nestes quase dois anos de governo, não foram poucos os embaraços e as oposições que nós sofremos, até [de] gente disposta a desestabilizar o país com gestos extremamente irresponsáveis, que têm naturalmente repercussão internacional.”
“E as pessoas que agem dessa maneira”, seguiu Temer, “não se apercebem, ou seja, não sentem brasilidade em seu coração, porque sabem que gestos desta natureza comprometem com problemas nos aspectos internacionais”, afirmou.
O presidente deu a declaração num fórum da Câmara de Comércio Árabe-brasileira, realizado em um hotel da zona sul da capital.
Amigos
Mais cedo, em Brasília, fez críticas indiretas à operação que prendeu alguns de seus amigos mais próximos, na semana passada.
Durante a posse de novos ministros da Saúde e dos Transportes e do presidente da Caixa Econômica Federal,cobrou união e diálogo diante do que chamou de problemas, defendeu as instituições e o respeito à Constituição. Nos bastidores, a fala foi vista como uma referência a excessos que o presidente enxergou na Operação Skala, que prendeu dez pessoas, entre elas o advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima, amigos de décadas do emedebista.
“Os problemas diante de nós exigem união e diálogo. Acima de todos nós está o país, as instituições. Por isso, eu preservo as instituições, a imprensa livre, prego a independência e a harmonia entre os poderes, porque todos nós passaremos e as instituições hão de ficar”, disse.
O Palácio do Planalto está em guerra com o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou as prisões de Yunes e Lima.
No Planalto, avalia-se que as prisões aconteceram para forçar delações premiadas que comprometam o presidente e criem um enredo que sirva de base para uma nova denúncia contra ele.
Em Brasília Temer também enfatizou a questão das liberdades individuais, o cumprimento do processo legal e a “obediência estritíssima aos termos da Constituição”.