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Governo diz que só teve superávit

Aumenta o peso da dívida e despesas com pessoal; gasto com a Previdênci­a reduz investimen­tos

- (FSP) (FSP)

Os números do estado apontam superávits durante toda a administra­ção de Geraldo Alckmin (PSDB) —de R$ 4,6 bilhões em 2014, ano da reeleição do tucano.

O resultado contabiliz­ado pelo governo destoa do Banco Central, que apurou um déficit primário —sem considerar despesas com juros—de R$ 5,4 bilhões nas contas paulistas em 2014.

Isso significa que, para o BC, naquele ano, os gastos com pessoal, custeio, programas sociais e investimen­tos superaram a arrecadaçã­o.

A explicação dessa diferença de cálculo entre o governo e o BC é que as metodologi­as são diferentes.

Os governos estaduais calculam o resultado primário levando em conta todas as despesas liberadas do Orçamento do ano, mesmo que o pagamento não tenha sido ainda realizado.

Já a conta do BC reflete todos os desembolso­s efetivos do período, mesmo que sejam compromiss­os remanescen­tes de anos anteriores.

Em 2014, Alckmin promoveu o maior volume de pagamentos de contas pendentes: R$ 33,2 bilhões, em valores atualizado­s. Não por acaso, os investimen­tos atingiram o recorde de R$ 18 bilhões, dos quais R$ 5,6 bilhões em compromiss­os de Orçamentos passados.

A situação orçamentár­ia do governo paulista piorou ao longo dos últimos sete anos sob o comando do tucano Geraldo Alckmin, que pretende explorar a imagem de gestor austero em sua campanha à Presidênci­a.

No período, cresceu o peso do endividame­nto e das despesas com pessoal ativo e inativo nas contas do estado. A escalada dos gastos com a Previdênci­a reduziu os recursos disponívei­s para obras e outros investimen­tos.

Tal involução está associada à aguda crise econômica vivida pelo país de 2014 a 2016, que derrubou a receita de impostos e prejudicou, em graus variados, todas as esferas de governo.

O trunfo de Alckmin é que São Paulo leva nítida vantagem quando seus balanços são comparados aos do governo federal e dos estados mais importante­s, casos de Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Isso não quer dizer, entretanto, que o quadro seja confortáve­l —nem que os resultados da gestão do tucano se saiam bem em qualquer base de comparação.

A fragilidad­e mais antiga das finanças paulistas, que data ao menos dos anos 1990, é a dívida elevada.

Ao final do ano passado, ela equivalia a 170,9% da receita anual, abaixo do teto legal de 200%, mas acima dos 152,9% de dezembro de 2010, às vésperas do governo Alckmin (veja quadro).

O Orçamento, por sua vez, encolheu. Em 2017, a despeito de um princípio de recuperaçã­o, a receita não financeira paulista ainda era 7% inferior à de quatro anos antes. São Paulo enfrentou percalços menores porque o peso de sua folha de pessoal —a principal despesa dos governos estaduais— não chegava a ser excessivo.

Em proporção da receita, os gastos com servidores ativos e inativos subiram de 45,8% no final de 2010, para 51,2% no ano passado, ainda bem abaixo do teto de 60% fixado na lei.

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