Linha do trabalhador tem ônibus lotado na madrugada
Com mais de 800 passageiros por noite, coletivo faz o trajeto entre Jardim Gaivotas e o Terminal Grajaú
Trabalhadores e estudantes cruzam o extremo sul, madrugada adentro, em uma linha noturna que recebe, em média, quase mil passageiros em um período de pouco mais de quatro horas. É a N635-11 (Terminal Grajaú-jardim Gaivotas), a única opção para quem precisa voltar para casa muito tarde ou chegar cedo ao serviço em um dos bairros mais populosos da cidade.
A “linha do trabalhador” recebe tanta gente que obrigou a Sptrans a reduzir pela metade, de 30 para 15 minutos, o intervalo entre os ônibus. Não por acaso, é a terceira a transportar mais passageiros entre os 160 itinerários noturnos em circulação na capital desde 2015.
“Saio todos os dias dos Jardins [zona oeste] por volta das 23h50 e esse ônibus faz muita diferença. Teria que ter mais linhas como essa”, afirma o atendente de caixa Diego Schueler, 33 anos. “Você pode ver que o pessoal volta exausto para casa”, diz.
De fato, na madrugada da última quinta-feira, os ônibus que partiam do terminal em direção ao bairro saíam lotados de trabalhadores com rostos cansados. Já os que partiam no sentido contrário tinham pessoas ainda sonolentas rumo ao centro.
Para não chegar atrasado ao serviço na avenida Brigadeiro Faria Lima, em Pinheiros (zona oeste), o encarregado de limpeza Reginaldo Matias dos Santos, 59, vai para o ponto ainda antes das 4h. Além do N635-11, ele pega outros dois ônibus para conseguir entrar às 6h. “Sem essa linha iria ficar muito difícil trabalhar. Não teria como chegar ao terminal.”
A linha noturna prova que o transporte fora do horário convencional pode mesmo garantir o emprego de muita gente. A chefe de cozinha Lucinete Batista de Vasconcelos, 43, sai por volta das 23h30 do serviço, nas proximidades da avenida Paulista (região central). Quando chega ao Grajaú, 25 km distante, as linhas convencionais já pararam de circular.
“Tem quase um ano que comecei a trabalhar nesse horário e seria impossível sem esse ônibus”, diz.