Mulheres negras avançam, mas ainda há desigualdade
Média de renda é de apenas 42% do que recebe um homem branco; 15% têm o ensino superior
As mulheres negras no Brasil tiveram considerável avanço em indicadores sociais, principalmente em educação. A igualdade, porém, ainda está longe nas universidades, no mercado de trabalho e na política. Para ficar em um exemplo, a renda média de uma mulher negra é 42% da de um homem branco.
No ritmo dos últimos 25 anos, será preciso mais de 80 para que sejam equivalentes. As discrepâncias ganham destaque no momento em que o Geledés - Instituto da Mulher Negra, marco do debate sobre gênero e cor, completa 30 anos.
A entidade surgiu a partir da identificação de uma lacuna, afirma sua presidente, Maria Sylvia Aparecida de Oliveira. “Nem o movimento negro nem o feminismo majoritariamente branco tinham respostas para as violações de direitos das mulheres negras”, diz. “Apesar dos avanços nos últimos anos, elas são ainda sub-representadas na esfera pública e na privada”, afirma.
A educação concentra grande parte dos avanços, mostra uma comparação entre um conjunto de indicadores de 1992 e de 2016 do IBGE. Os mais recentes integram o relatório de Estatísticas de Gênero recém-divulgado pelo instituto e feito a partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, com entrevistas mensais. Os mais antigos foram tabulados pelo instituto a partir da Pnad que, à época, ainda era anual.
Os dois levantamentos consideram negras mulheres autodeclaradas pretas e pardas. A diferença de periodicidade pode produzir alguma variação estatística, mas eles revelam tendências claras.
As mais positivas estão entre as crianças. Em 1992, só 77% das meninas negras em idade de ensino fundamental estavam matriculadas nessa etapa. Quase 25 anos depois, isso acontece com praticamente todas (97%).
O índice de analfabetismo, embora ainda tenha espaço para melhorar, caiu de 26% para 9% entre elas, pouco mais que a média nacional.
A taxa de conclusão do ensino superior das mulheres negras, embora tenha melhorado muito, ainda era de 15% em 2016, pouco maior do que a de brancas 25 anos antes (as brancas alcançaram 32% em 2016).