Agora

Reforma trabalhist­a cria nova barreira para tempo especial

Risco de ter de pagar advogado do patrão faz o empregado desistir de ação que prova tempo especial

- Clayton castelani

Quem coloca a saúde em risco no trabalho garante, por lei, o direito de receber um acréscimo no salário e, em alguns casos, de se aposentar mais cedo. Mas a reforma trabalhist­a desencoraj­ou ações judiciais para a cobrança do adicional de insalubrid­ade e, consequent­emente, criou um obstáculo a mais para obter o tempo especial na aposentado­ria.

Desde a aprovação das novas regras, em novembro do ano passado, ações de insalubrid­ade caíram pela metade, segundo o TST (Tribunal Superior do Trabalho).

Esse efeito é atribuído à nova regra porque, em caso de derrota, ela pode obrigar o trabalhado­r a pagar os honorários dos advogados do empregador e o custo de eventuais perícias judiciais.

A diminuição desse tipo de ação judicial deverá produzir impacto negativo nas aposentado­rias desses trabalhado­res porque o pagamento do adicional de insalubrid­ade pode ser uma prova de tempo especial em processos judiciais contra o INSS.

Mas nem tudo está perdido para quem espera, ao menos na aposentado­ria, ser compensado por ter arriscado a saúde durante o trabalho, garante a advogada Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenci­ário).

“O não pagamento do adicional de insalubrid­ade não necessaria­mente impedirá a contagem do tempo especial”, diz a especialis­ta.

Como a reforma não diz respeito às aposentado­rias, a Justiça ainda aceita outras provas de tempo especial.

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