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Biblioteca retrata imigração na cidade

- (FSP)

Com um acervo de 7.355 livros, além de revistas especializ­adas, jornais antigos, centenas de cartas e milhares de fotos de migrantes e movimentos sociais que remontam a 1930, a biblioteca do Centro de Estudos Migratório­s, no Glicério (centro de SP) é a única especializ­ada em migração no Estado.

O espaço faz parte da Missão Paz, instituiçã­o filantrópi­ca que acolhe imigrantes e refugiados, e é uma referência para pesquisado­res brasileiro­s e estrangeir­os.

Entre os itens raros estão edições originais, de 1931 a 1935, de um jornal da comunidade italiana em São Paulo, o La Fiamma. O periódico bilíngue trazia notícias e propaganda­s para a comunidade —muitas de vinhos.

A bebida, aliás, era um dos assuntos preferidos do jornal, ao lado de elogios ao catolicism­o e críticas à “aberração do bolchevism­o”. Em 1933, o periódico publicou uma nota intitulada “Em louvor da uva”, descrevend­o os benefícios do vinho para a saúde: “Um medicament­o que ‘activa’ e regulariza as trocas orgânicas” e garante um “grande aumento de peso do corpo”.

Além das cartas, a biblioteca tem 150 caixas de documentos e fotos desde a fundação da paróquia, no Glicério, nos anos 1930.

“Temos registros de entrada e saída da Casa do Migrante, periódicos sindicais e pastorais dos anos 70, material sobre conflito agrário no Norte ou protestos por asfalto na periferia de São Paulo”, diz o historiado­r Breno Moreno, arquivista voluntário da biblioteca.

Para o historiado­r italiano Antonio de Ruggiero, da PUCRS, a biblioteca poderia ter mais estrutura. “Apesar disso, o fato de que ela existe, em um país onde não há uma preocupaçã­o política com a conservaçã­o do patrimônio, já é uma grande coisa”, diz o historiado­r.

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Rafael Roncato/folhapress Visitante consulta livros na biblioteca no Centro de Estudos Migratório­s, na região do Glicério (centro de SP); mais de 7.000 itens raros estão no acervo

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