Agora

Força, Egito!

- Luís Marcelo Castro

Desde pequeno, sempre tive fascínio por equipes ditas pequenas que triunfavam sobre poderosos favoritos. Talvez por isso tenha torcido pelo São Caetano na Libertador­es 2002, pelo Paulista na Copa do Brasil 2005 e vibrado com o conto de fadas vivido por equipes como Leicester, Chapecoens­e e Panamá.

Para não ser incoerente, nesta Copa serei um fanático torcedor do Egito.

Primeirame­nte, porque meu saudoso tio João Carlos foi muito bem recebido no país e treinou por muito tempo os fortes Zamalek e Al Ahly nos anos 1980 e 1990. Em segundo lugar, não há como ficar indiferent­e à história do atacante Mo Salah, recém-promovido a craque.

Embora o Liverpool seja um clube de tradição e respeito, havia muito tempo que os Reds não iam tão bem na Liga dos Campeões e no Inglês. A maior parte do sucesso se deve ao egípcio de 25 anos, eleito o melhor jogador do Nacional, no qual é artilheiro.

Começou a brilhar na Fiorentina, onde usava a camisa 74 —em alusão aos mortos em uma briga de torcidas durante partida do Egípcio— e, curiosamen­te, virou astro no Liverpool, clube pelo qual torciam as 96 vítimas fatais da Tragédia de Hillsborou­gh, levando uma alegria há muito perdida.

Ainda maiores são suas façanhas fora dos gramados: construiu escolas e campos de futebol em sua pobre cidade natal, além de comprar aparelhos e medicament­os para os hospitais. Até já doou uma fortuna para o governo durante a desvaloriz­ação da moeda local.

Seu maior feito, porém, é cativar com gols e bons exemplos as crianças inglesas, inclusive de equipes rivais. Com certeza, elas ajudarão a formar uma Inglaterra mais tolerante no futuro.

Que bom seria se essa humildade e respeito ao próximo servisse como exemplo para alguns dos nossos ricos craques.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil