Banido pela Fifa, Del Nero mantém poder
Ao contrário de outros acusados de corrupção, presidente afastado manteve grupo dominante
A Fifa divulgou ontem um comunicado determinando que Marco Polo Del Nero está suspenso de toda atividade ligada ao futebol por toda sua vida. Segundo o texto, a Câmara de Arbitragem do Comitê de Ética considerou Del Nero culpado por suborno, corrupção, oferecer e aceitar presentes e outros benefícios e conflito de interesse.
Além da punição, o cartola foi condenado a pagar multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões).
No entanto, ao contrário do que aconteceu com a Fifa e com a Conmebol (entidade que comanda o futebol na América do Sul), que tiveram seus presidentes depostos —Josep Blatter e Nicolás Leoz, respectivamente—, o maior escândalo de corrupção da história do futebol não abalou as estruturas vigentes na Confederação Brasileira.
Banido por toda a vida pela Fifa de atividades relacionadas ao futebol, o presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero, conseguiu manter seu grupo no poder.
No último dia 17, quando já estava suspenso provisoriamente, o dirigente conseguiu manter sua influência na confederação ao eleger o paulista Rogério Caboclo para comandar a CBF até 2023.
A posse de Caboclo vai acontecer somente em abril do próximo ano. Neste período, a entidade será comandada pelo paraense Antonio Carlos Nunes, o coronel Nunes, que está no comando desde dezembro de 2015, quando Del Nero foi denunciado pelo FBI. Nunes é outro do grupo de Del Nero.
Na última quinta-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) enviou uma investigação sobre a cúpula da CBF oriunda do relatório paralelo da CPI para a Justiça Federal do Rio de Janeiro.
O inquérito apura suspeitas de crimes contra o sistema financeiro, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, entre outros, supostamente cometidos por Del Nero, e os expresidentes da CBF, Ricardo Teixeira e Marin.