Famílias desabrigadas fazem acampamento em praça
Elas não querem ir para albergues e permanecem no largo do Paissandu, perto de onde moravam
Acampadas no largo do Paissandu, em frente ao prédio que desabou, famílias resistem a ir para albergues oferecidos pela prefeitura. Segundo Ricardo Luciano Lima, o Careca, 42 anos, um dos coordenadores do MLSM (Movimento Social de Luta por Moradia), o objetivo é aguardar no local por uma proposta de lugar para o qual as famílias possam ir.
“Muitas famílias que estão aqui saíram dos albergues para morar nas ocupações e não querem voltar”, diz. Com o apoio de outros movimentos de moradia, eles buscam a doação de lonas para montar acampamento.
Francisca Santos Silva, 44 anos, está no local com o marido, cinco filhos (com idades entre 1 ano e meio e 14 anos) e um cachorro. “A gente morava há três anos aqui, depois de sair de outra ocupação”, diz.
Já Elaine de Oliveira, 36 anos, estava em colchões espalhados no chão com o marido e três filhos, com idades entre 2 e 11 anos. “A gente saiu só com a roupa do corpo, não consegui nem pegar os meus remédios”, afirma. Ela diz que sofre de problemas cardíacos e está na fila para um transplante. “Eu tomo remédios de uso continuado, que precisam de receita e são de alto custo. Não sei como farei agora para pegá-los”, afirma.
Além das vítimas, muitos foram ao local em busca de informações de amigos e parentes. Era o caso do ambulante Antonio Ribeiro, 43 anos, que procurava a mãe de sua filha. “Minha menina tem 15 anos, está com os avós maternos na Bahia”, diz. “A mãe dela não tem ninguém por ela aqui em São Paulo além de mim. Liguei direto no celular dela, mas ainda não consegui conversar com ela”, afirma.
A prefeitura, sob a gestão Bruno Covas (PSDB), não informou se vai oferecer algum tipo de atendimento especial para os desabrigados que não quiserem ir para albergues e permanecerem acampados no largo. No local, na tarde de ontem, estavam famílias inteiras, com crianças, idosos, pessoas com necessidades especiais e animais de estimação.