Briga com o contribuinte paulista
Político adora fazer bondade com o chapéu alheio, isto é, com a grana do contribuinte. Em época de eleição, o perigo aumenta, como já dá para notar no estado de São Paulo.
A ameaça mais recente aos cofres paulistas vem de uma briga entre o PSB do atual governador, Márcio França, e o PSDB de Geraldo Alckmin, que deixou o cargo para concorrer à Presidência.
França andou trocando gente na administração, o que descontentou os tucanos. O contra-ataque foi o pior possível: apoiar projetos que aumentam gastos na Assembleia Legislativa.
Há poucos dias foi aprovada em primeiro turno uma proposta de emenda à Constituição estadual, de autoria do deputado Campos Machado (PTB), que pode custar quase R$ 1 bilhão.
O texto eleva o teto salarial do funcionalismo: em vez da remuneração do governador, de R$ 21 mil mensais, o novo limite, a ser atingido em quatro anos, seria o dos vencimentos dos desembargadores do Tribunal de Justiça, de R$ 30,4 mil.
A proposta contou com 65 votos (de um total de 94 deputados), inclusive de PSB e PSDB. Antes, era o comando tucano que barrava a medida.
É claro que a culpa por mais essa farra com o dinheiro público é de mais gente. Os parlamentares estão, de novo, atendendo aos interesses de uma minoria endinheirada.
Alckmin conseguiu manter as contas do estado mais ou menos em ordem durante a recessão, em boa parte porque resistiu a esse tipo de pressão.
Vai ser um desastre se o desmanche de sua base política abrir caminho para o descontrole do Orçamento.