Cidade cara e especulação fizeram surgir ocupações por moradia
Especialistas em urbanismo e questões habitacionais afirmam que o encarecimento da cidade, o aumento de imóveis vagos no centro e a necessidade de moradia por pessoas de baixa renda fizeram crescer o número de ocupações na capital.
Surgidas nos anos 1980, organizações de reivindicação do direito à moradia protagonizaram a primeira ocupação de imóvel no centro de São Paulo em 1997.
Um casarão na alameda Nothmann, onde vivera o inventor Santos Dumont (1873-1934), foi convertido em abrigo para 400 famílias oriundas de cortiços da região. Desde esse marco inicial, centenas de ocupações ocorreram na cidade.
Os poucos movimentos que havia cresceram a partir da demanda cada vez maior por moradia para a população de baixa renda. “A tecnologia da ocupação surgiu como forma de denúncia da quantidade de imóveis ociosos no centro e da necessidade de moradia de quem era despejado”, afirma o engenheiro e urbanista Luiz Kohara, 64, autor de estudos sobre questão habitacional.
Em 2015, segundo a Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional na Grande SP era de 639 mil domicílios, ao mesmo tempo em que havia, no mesmo perímetro, 595 mil domicílios vagos.
Para Edson Miahusko, as ações no centro emerge num contexto de encarecimento da cidade e ampliação da especulação imobiliária. “Na falta de políticas habitacionais, a ocupação surge como alternativa a famílias e trabalhadores pobres”, diz ele, professor de ciências sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Aumento do desemprego e a queda na renda favorecem o cenário.