Aos 40, Formiga ainda busca um título relevante
Veterana volta atrás em aposentadoria da seleção para ajudar o time a beliscar vaga na Copa e nos Jogos
Há mais de duas décadas, a volante Formiga batalha por um sonho. Ver a seleção brasileira feminina no alto do pódio de um Mundial ou de uma Olimpíada.
Sem alcançar seu objetivo, ela anunciou sua aposentadoria do time nacional após o quarto lugar no Olimpíada do Rio, em 2016. No entanto, aos 40 anos, voltou atrás e atendeu ao chamado do técnico Vadão para disputar a Copa América e classificar o Brasil para o Mundial da França, em 2019, e para os Jogos de Tóquio-2020.
A volante liderou o time na conquista do torneio sulamericano, encerrada no domingo, ao lado das também experientes Marta, 32, e Cristiane, 32. Mesmo em boa forma, a atleta do PSG ainda é reticente quanto ao seu futuro na seleção.
“Não apenas o Vadão quer que eu continue como as meninas também já pediram. Porém existem outras meninas que desejam ter seu espaço na seleção. Vamos esperar terminar a temporada. Estou com 40 anos, é um desgaste muito grande jogar. Tenho que pensar com calma”, disse Formiga.
A volante vestiu a camisa da seleção brasileira pela primeira vez em 1995. No currículo, ela tem participações em seis Copas do Mundo. É a recordista ao lado da japonesa Homare Sawa. Ela á a única, porém, que disputou todas as edições do futebol feminino em Jogos Olímpicos —a disputa foi incluída em Atlanta-1996.
A falta de opções para a renovação é uma das preocupações da atleta. De acordo com Formuiga, a aparição de novos talentos é lenta.
“Hoje, temos times femininos de base na seleção, o que não acontecia quando comecei. No entanto, para manter essa base, tem que existir uma fonte que forneça jogadoras, e isso não existe. As federações estaduais precisam organizar mais competições femininas.”.
Formiga ainda vê o preconceito contra o futebol feminino como outro grande empecilho no país. A atleta lembra que quando começou na modalidade, aos 13 anos em Salvador, muitas meninas não apareciam para jogar porque os vizinhos falavam mal delas. “Hoje, isso diminuiu, mas ainda existe. Falta interesse da mídia. Geralmente, o futebol feminino só vira notícia em Olimpíada ou quando tem notícia negativa”, disse.