Lava Jato apura contrato feito por Temer
A deflagração da 51ª fase da Lava Jato, denominada Dejà Vu, na manhã de ontem, colocou mais uma vez o presidente Michel Temer (MDB) na linha de tiro. Ainda que a força-tarefa de Curitiba não tenha competência para investigar políticos com foro especial, a nova fase teve como ponto de partida um contrato que, segundo a Odebrecht, foi acordado com Temer em 2010 em troca de propina para o partido.
O contrato PAC-SMS foi firmado em 2010 entre a área internacional da Petrobras e a Odebrecht, para a prestação de serviços de segurança, ambiente e saúde em nove países, além do Brasil. O valor do contrato foi de mais de US$ 825 milhões (cerca de R$ 2,9 bilhões). O ex-presidente da Odebrecht Engenharia Márcio Faria disse em delação que o MDB negociou propina de 5% do contrato, correspondente a US$ 40 milhões (R$ 142 milhões).
Segundo ele, houve um encontro com Temer, quando vice de Dilma Rousseff (PT), e outras pessoas da legenda, como o ex-deputado Eduardo Cunha, para tratar do acordo. Faria disse que, na ocasião, não se falou em valores, mas ficou claro que se tratava de propina relacionada ao contrato, e não de contribuição de campanha.
Rogério Araújo, responsável pelo lobby da Odebrecht na Petrobras, disse em delação que Temer assentiu e deu a bênção aos termos do acordo, previamente tratado com Cunha e com o lobista João Augusto Henriques. Segundo ele, o PT ficou com 1% (R$ 28,4 milhões) e o MDB com 4% (R$ 113 milhões).
Resposta
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto se manifestou afirmando que o caso é “mais uma tentativa requentada de atacar de forma inaceitável a honra do presidente com fatos inexistentes”. A defesa de Mario Miranda disse que não vai se manifestar. A de Cunha disse se tratar de uma “afirmação absurda”.