Crianças de prédio vivem rotina precária no Paissandu
Acampamento para moradores de prédio que desabou não tem banheiros nem local para elas brincarem
Acampadas com as famílias no largo do Paissandu (centro de SP), as crianças desabrigadas desde o desabamento do edifício Wilson Paes de Almeida, em 1º de maio, enfrentam uma situação precária, dormindo em barracas, sem banheiro, sem local para tomar banho ou para brincar.
Não há banheiros públicos por perto, e as mães enfrentam uma peregrinação pelos bares do entorno quando as crianças ficam apertadas. “Xixi dá para fazer no copinho, mas coco é mais difícil. Muitas vezes elas fazem nas calças mesmo porque não dá tempo de achar um banheiro”, diz Daisy da Silva Rodrigues, 32, mãe de sete filhos, sendo que quatro vivem com ela dentro de uma barraca no largo Paissandu, entre elas, a pequena Sofia, 1.
Há 12 banheiros químicos instalados a poucos metros do acampamento, mas o uso é exclusivo dos bombeiros e oficiais que ainda trabalham nos escombros. A principal reivindicação dos acampados é que o uso seja liberado.
Na hora do banho, as mães recorrem a outros prédios ocupados no entorno.
“Na emergência, uso lencinho umedecido até a hora que consigo levar para tomar banho”, diz Daisy.
Cerca de 50 famílias ocupam barracas há mais de dez dias porque se recusam a ir para abrigos oferecidos pela Prefeitura de São Paulo.
A situação precária das famílias na praça motivou a Prefeitura de SP a enviar um ofício ao Ministério Público no qual pede providências legais, caso eles continuem resistindo a ir para os abrigos. “As crianças estão em situação de vulnerabilidade. O local é insalubre, há fumaça tóxica e não conseguimos fazer a limpeza da praça por causa das barracas”, diz a secretária Eloisa Arruda (Direitos Humanos).
A Promotoria de Infância e Juventude recebeu o documento e ainda analisa a situação para tomar providências. As famílias se recusam a sair porque cobram da gestão Bruno Covas (PSDB) ações mais contundentes para garantir uma moradia.