Reforma trabalhista ainda precisa de ajuste
A nova CLT está em vigor há seis meses; para representantes das centrais, há mais perdas do que avanço
Seis meses se passaram desde que a nova legislação trabalhista entrou em vigor e, para trabalhadores e patrões, a nova lei ainda requer ajustes. Contrárias à mudança, centrais sindicais sustentam que, cercada de polêmicas, a lei 13.467/17 ainda provocará muitos embates.
“Um dos argumentos, de que a mudança geraria empregos, era falácia e caiu por terra”, critica Douglas Izzo, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Paulo. “O desemprego e a informalidade cresceram.”
Para Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), a mudança trouxe insegurança jurídica. “Sem a necessidade de homologar rescisões no sindicato, empregadores têm ludibriado trabalhadores.”
“A reforma fortaleceu patrões e enfraqueceu empregados e sindicatos”, diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, sobre o fim da contribuição sindical obrigatória.
Para Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), a mudança acabou com conquistas. “No passado, os poderosos coagiam o povo com a baioneta. Hoje, a arma deles é a caneta”, afirma.
Do lado patronal, Ivo Dall’acqua Junior, vice-presidente da Fecomerciosp (federação do comércio e serviços), elogia a nova CLT por estimular o diálogo. “Uma lei trabalhista não pode ser engessadora. Agora, ela está mais flexível às características de cada setor”, diz. “Aumentaram as responsabilidades de ambos, patrão e empregado. Mas é cedo para sentirmos e entendermos esse novo modelo de relação.”