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Rua do cabelo vira tradição em dois bairros da periferia

Vias nas zonas norte e leste têm série de cabeleirei­ros. Tática é positiva para clientes e para comerciant­es

- Fabio pagotto

As “ruas do cabelo” já são tradição em dois bairros da periferia de São Paulo. As vias, uma na zona norte e outra na leste, concentram, em poucos metros, diversos salões de cabeleirei­ro, como uma galeria a céu aberto.

Do ponto de vista dos comerciant­es, a proximidad­e é uma tática para criar uma marca e atrair consumidor­es. Do ponto de vista dos clientes, a competição leva a uma variedade de serviços e a preços baixos: o corte de cabelo fica entre R$ 10 e R$ 25.

Na zona norte, a “rua do cabelo” é a Coronel Sezefredo Fagundes, no Tucuruvi. São ao menos 29 salões ao longo da avenida, a maioria, entre a rua Lugo e a rua Engenheiro Joaquim Sampaio Ferraz. E há estilos para todos os gostos: o salão feminino tradiciona­l (com spa), a barbearia masculina moderninha (com direito a cerveja), os especializ­ados em cortes afro e em tranças, e o barateiro.

O salão mais antigo da avenida é o Alcina Hair, de Alcina Martins Gomides, 62 anos, aberto em 1995. Segundo outros cabeleirei­ros da rua, uma boa parte dos salões surgiu de ex-funcionári­os que aprenderam o ofício no salão dela. “Abri o primeiro, depois vieram todos os outros. O sucesso dá para todos”, diz Alcina.

A tradição na avenida é tão forte que René Gramani Franco, 29 anos, deixou um emprego na área de TI (tecnologia da informação) em uma empresa multinacio­nal para abrir um salão. “Eu corto o meu cabelo aqui desde criança e quis aproveitar a força da tradição e abrir meu próprio negócio”, diz Franco, dono da Brocudos Barbearia, que tem o preço mais alto da rua para homens: R$ 25.

Cidade Tiradentes

Já na zona leste, a rua Arnaldo Bonaventur­a, na Cidade Tiradentes, tem 14 salões em menos de 300 metros.

Um dos mais cheios é o de Pedro Henrique, 21 anos: o New Jersey. Ali, o corte custa apenas R$ 10. “Sou aqui da zê-ele [gíria para zona leste], e o pessoal da quebrada gosta de andar no estilo. Quis aproveitar isso e abri o salão. O nome é em homenagem a uma cidade americana que tem ‘uma pá’ de rapper.”

A demanda por cabeleirei­ros é tanta ali que a rua tem até uma escola, a La’femme. “O objetivo é tirar as pessoas do desemprego, aproveitan­do a necessidad­e do mercado”, diz a gerente da escola, Débora Cardoso, 28 anos.

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Rubens Cavallari/folhapress Salões de cabeleirei­ro vizinhos na avenida Coronel Sezefredo Fagundes, no Tucuruvi (zona norte), onde há pelo menos 29 comércios parecidos; concentraç­ão atrai clientes por variedade de serviço e preços baixos

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