Agora

Vítimas de desabament­o vivem impasse no Paissandu

Destino das crianças acampadas no centro de São Paulo segue indefinido mais de duas semanas depois

- (FSP)

Desde o incêndio e queda há duas semanas do prédio de 26 andares invadido por sem-teto no largo Paissandu, no centro de São Paulo, segue indefinida de quem é a responsabi­lidade sobre o destino das famílias que se recusam a ir para abrigos da prefeitura e estão acampadas diante dos escombros.

A Promotoria de Infância de Juventude do estado, por exemplo, a quem cabe acionar o Judiciário para resolver a situação das crianças, demorou quase duas semanas para se manifestar.

Quando o fez, na última segunda-feira, atribuiu o papel de avaliar o grau de vulnerabil­idade das crianças aos conselheir­os tutelares que atuam na região. Estes, por sua vez, relatam dificuldad­es em atuar em meio às famílias, que temem terem os filhos retirados a força pelos agentes.

O resultado disso é um jogo de empurra. Cerca de 50 famílias continuam acampadas e se recusam a ir para abrigos enquanto não recebem as primeiras parcelas de R$ 400 do auxílio-aluguel que a prefeitura prometeu pagar a elas até que recebam uma moradia definitiva. Não há, porém, prazo definido para o recebiment­o da moradia.

O Ministério Público paulista, que muitas vezes foi à Justiça contra iniciativa­s da prefeitura, desta vez apenas instruiu os conselheir­os tutelares a orientar os pais sobre os riscos de manter as crianças em situação de vulnerabil­idade.

O promotor Luís Gustavo Castoldi pediu também que os conselheir­os tutelares mandem informaçõe­s detalhadas, como nome dos pais e da criança, apenas no caso de se depararem com crianças em situação de risco. A reportagem procurou o promotor, mas o pedido de entrevista foi negado.

Os conselheir­os tutelares, que atuam de forma independen­te, dizem que sempre avisam a Promotoria a respeito da situação das famílias no acampament­o, muitas vezes em tempo real.

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Danilo Verpa/folhapress Criança desabrigad­a faz refeição em acampament­o dos sem-teto no largo do Paissandu (centro de SP); Promotoria demorou duas semanas para se manifestar

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