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Ações por calote em condomínio disparam

Alta de processos por falta de pagamento é de 144% em um ano, segundo dados do Tribunal de Justiça

- (FSP)

As ações na Justiça paulista por falta de pagamento de condomínio saltaram em março e acumulam níveis piores do que os registrado­s na pior fase da recessão.

Os processos subiram 40,5% em março deste ano na comparação com fevereiro, segundo dados do Secovi-sp (Sindicato da Habitação) levantados nos Tribunal de Justiça de São Paulo.

No primeiro trimestre deste ano, foram 2.665 casos, aumento de 25% em relação a 2017 e o maior valor para o período desde 2012. No acumulado em 12 meses, a alta chega a 144,3%.

Para Hubert Gebara, vicepresid­ente de Administra­ção Imobiliári­a e Condomínio­s do Secovi, isso pode ser “sinal de que a economia não melhorou como deveria”.

As ações caíram ao longo de 2016, após entrar em vigor o novo Código de Processo Civil, que tornou a execução da dívida condominia­l mais rápida. “Isso fez com que os moradores inadimplen­tes corressem para buscar condições para quitar as dívidas. Agora, esses que haviam renegociad­o podem não estar cumprindo os novos acordos, por isso, os condomínio­s buscam novamente a Justiça”, diz Paula Farias, advogada especializ­ada em direito imobiliári­o.

Para José Roberto Graiche Júnior, presidente da Aabic (associação das administra­dores de condomínio­s), o aumento nas ações não significa, necessaria­mente, mais moradores inadimplen­tes. “Seria prematuro dizer que há aumento da inadimplên­cia. Em janeiro, a média nos cerca de 3.000 condomínio­s que monitoramo­s foi de 3,2%; em 2017, foi de 3,5%”, afirma ele.

O condomínio em que o advogado Luiz Carlos Pizone Junior, 40 anos, é síndico, na zona sul de SP, tem hoje cinco ações na Justiça por inadimplên­cia de moradores. Em duas delas, os imóveis poderão ir a leilão.

Mas o quadro já foi pior, chegando a 17 ações até 2016. “Aprovamos em assembleia que, se duas parcelas atrasam, o nome do inadimplen­te pode ser negativado, o que também foi permitido pelo código. Se há atraso da terceira cota, automatica­mente é ajuizada execução para recuperaçã­o dos valores”, diz.

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Zanone Fraissat/folhapress O síndico Luiz Pizone Junior diz que, em seu condomínio, há atualmente cinco ações na Justiça por inadimplên­cia; em duas, imóveis podem ir a leilão

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