Sistema da Odebrecht tinha grana atribuída para sítio
Obras da Petrobras financiaram caixa da empresa para repasse de propina, diz Polícia Federal
A Polícia Federal apresentou à Justiça ontem laudo pericial em que diz ter encontrado, nos sistemas usados pela Odebrecht para gerenciar o pagamento de propinas, uma planilha que supostamente registra gastos da empreiteira com reformas no sítio em Atibaia (65 km de SP) usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em novembro de 2017, o engenheiro e um dos 77 delatores da Odebrecht Emyr Diniz Costa Junior entregou ao Ministério Público Federal uma planilha de pagamentos do departamento de propinas da empreiteira no valor de R$ 700 mil para custear as reformas no imóvel.
Essa contabilidade foi localizada pela perícia. No documento enviado à Justiça, entretanto, os peritos dizem não ter encontrado no sistema nenhuma menção explícita a termos como “Atibaia”, “Sítio” e “Santa Bárbara”.
Assim como Lula, Emyr também é réu no processo.
O laudo foi anexado ao processo da Operação Lava Jato que investiga se o expresidente foi o beneficiário de reformas no sítio. Lula é acusado de ter recebido propina de R$ 1,02 milhão de Odebrecht, OAS e Schahin por meio de obras feitas no imóvel de Atibaia.
Segundo a PF, quatro entradas de recursos que somam R$ 700 mil tiveram como origem um “caixa único”, abastecido por dinheiro de caixa 2 oriundos de diversas obras, inclusive do projeto Aquapolo, obra realizada no ABC paulista, e da Petrobras no Brasil e no exterior.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, o ex-presidente seria o verdadeiro dono do sítio. Lula tem negado todas as acusações e diz que os procuradores não têm provas de que estes contratos geraram repasses ilícitos.
O primeiro laudo dos peritos da PF foi divulgado em fevereiro deste ano e anexado a outro processo em que o ex-presidente é réu, envolvendo um terreno para o Instituto Lula.