Fachin abre inquérito para investigar caciques do MDB
Senadores da legenda são alvo de ação que apura se receberam R$ 40 milhões de propina em 2014
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a abertura de um inquérito para apurar se integrantes do MDB receberam propina da JBS e da Transpetro.
A investigação tem como alvo os senadores Eunício Oliveira (CE), presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM), Vital do Rego (atual ministro do TCU), Jader Barbalho (PA) e Valdir Raupp, além do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (RN).
A colaboração de Machado foi homologada em maio de 2016; ele gravou conversas com colegas do partido.
A delação dos executivos da empresa JBS se tornou pública há um ano; Joesley Batista, um dos donos da companhia, gravou secretamente conversa com o presidente Michel Temer.
Ex-presidente da Transpetro e delator da Operação Lava Jato, Sérgio Machado disse que o PT pediu à J&F, holding que controla a JBS, o pagamento de propina no valor de R$ 40 milhões ao MDB como forma de compra de apoio político nas eleições presidenciais de 2014.
Na delação, Machado disse que as doações da JBS para os peemedebistas do Senado geraram um desentendimento no partido e, então, Michel Temer reassumiu a presidência da legenda. Na época, Temer era vice de Dilma Rousseff e a chapa concorria à reeleição.
Ele disse ter ouvido “de diversos senadores nas reuniões na casa do Renan que o grupo JBS iria fazer doações ao MDB, a pedido do PT, na ordem de R$ 40 milhões” e que a informação lhe foi posteriormente confirmada por Ricardo Saud, então diretor de Relações Institucionais da JBS.
Racha
No entanto, acrescentou Machado, a informação chegou ao conhecimento da bancada do MDB na Câmara e os deputados se queixaram a Temer. Segundo o delator, “fato fez com que Michel Temer reassumisse a presidência do MDB [a sigla não havia mudado de nome] visando controlar a destinação dos recursos do partido”.
Um ano depois da delação de Machado, fechada em 2016, Saud e outros executivos da JBS também fizeram acordo com a PGR (Procuradoria-geral da República).
Os repasses tinham como objetivo “manter a unidade do MDB, já que havia, à época, risco de ruptura, com a perspectiva de integrantes do partido passarem a apoiar formalmente a campanha de Aécio Neves [PSDB] à Presidência”, disse Saud, segundo documento da PGR.