Disparada do dólar faz subir preços nos supermercados
Primeiros impactos serão nos valores de produtos importados ou com componente vindo de fora do país
As sucessivas altas do dólar, que nesta semana disparou 3,85% e fechou ontem cotado a R$ 3,74, deve chegar aos supermercados.
A moeda norte-americana chegou ao seu maior nível desde 15 de março de 2016, quando valia R$ 3,763. Para especialistas, o valor do pão francês pode subir até 20% e o do macarrão, 12%.
“Os primeiros impactos deverão ocorrer nos preços de produtos importados ou que utilizam matéria-prima comprada do exterior”, diz Thiago Berka, economista da Apas (Associação Paulista de Supermercados). Ele lembra que diversos produtos fabricados com componentes químicos derivados de petróleo também deverão ter alta de preços. “Por exemplo, produtos de limpeza e de higiene e beleza.”
A agroindústria também deverá ser afetada. “Muitos agrotóxicos e insumos usados na produção também são importados”, afirma Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomerciosp (federação do comércio).
Ele cita ainda que gasolina e diesel, cujos valores já têm subido bastante, também sofrerão impacto. “E isso deverá incidir, depois, nos preços dos fretes, o que pode ter efeito em muitos outros produtos, já que o transporte deles é basicamente viário.”
Mas o dólar alto também pode ter efeito positivo, lembra Michelle Nunes, professora de economia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, no Rio de Janeiro. “Por outro lado, empresas exportadoras ganham quando o dólar sobe”, afirma ela. “Nesse caso, elas passam a ter mais dinheiro para investir e contratar”, diz.