Dedé odeia Romero
Um palmeirense, amigo da coluna, nunca se conformou com o jeitão boapraça de Marcos. Para ele, era extremamente irritante o discurso que ouvia de torcedores adversários: “O Marcão é rival, mas, pô, que cara legal”.
Bruno, o alviverde em questão, nunca deixou de admirar o goleiro ou questionou sua santidade. Reconhecia, porém, com desgosto, que lhe faltava uma qualidade que julgava importante.
“Ídolo tem que ser odiado por todo o mundo. Ídolo é Edmundo. Ídolo é o filho da p... do Marcelinho”, bradava, sem se privar da alegria de celebrar o histórico triunfo do boa-praça sobre o filho da p...
Marcos já parou de jogar faz algum tempo. Bruno vai se aproximando dos 40 anos mais tranquilo, maduro, carregando no colo uma linda filha cuja cabeleira chega a atrapalhar a visão da TV nos jogos do Palmeiras.
A calma que chegou com as entradas, no entanto, tem limites. E a vasta juba de Dedé ficou eriçada no último domingo, quando a pequena ouviu o pai berrando.
Como já está esgotada a cota de palavrões deste texto, não serão repetidos aqui os urros do palmeirense. Basta dizer que a garota entendeu que jamais ganhará um irmãozinho chamado Romero.
E até aqueles que continuam achando o paraguaio um jogador ruim já entenderam: ele é um ídolo do Corinthians. Felipe, outro amigo da coluna, alvinegro que sempre teve suas restrições ao atacante, tratou de fazer uma retratação formal.
“Gostaria de me desculpar com os companheiros por demorar a reconhecer o Anjo Romero”, declarou, tentando equilibrar uma bola na cabeça.
Uma das grandes virtudes do camisa 11 é despertar o ódio dos rivais. A cada xingamento, ele ganha maior espaço no coração da Fiel.