‘Só perna de pau sofre’
Boleiro raiz, Zé Maria testa equipamentos a ser utilizados no Mundial e recorda chuteira de pregos
“Parece que estou jogando descalço.” Assim o ex- jogador Zé Maria, de 69 anos, descreveu a sensação de experimentar a chuteira que Neymar usará na Copa do Mundo da Rússia.
A fala é de quem começou no futebol profissional em meados dos anos 1960, época em que existiam chuteiras pesadas, com travas de couro presas com pregos.
“No meu tempo, a chuteira era totalmente diferente. Quem ainda dava um jeito nela e minimizava os problemas era o roupeiro. A trava era pregada. De vez em quando, um preguinho pegava na sola e machucava o pé da gente”, recordou.
A pedido da reportagem, o campeão do mundo em 1970 vestiu o uniforme completo da seleção e foi bater uma bola —a mesma do Mundial— no palco da abertura da Copa de 2014: a Arena Corinthians.
“Além de ser mais confortável, mais leve, a chuteira é totalmente diferente. Quem usou botina e agora coloca um negócio desse daqui... Parece de ouro. É impressionante a evolução”, afirmou, menos chocado com a bola.
“Não é muito diferente, ela continua redonda”, brincou Zé Maria, antes de falar mais seriamente. “Na minha época, era dura como pedra. Quando você tomava bolada, a marca da costura dos gomos ficava na pele.”
Não foi só a maciez da bola da Copa-2018 e a leveza da chuteira de Neymar que chamaram a atenção do ídolo corintiano. O novo uniforme da seleção brasileira rendeu elogios de quem jogou com camisas feitas de algodão.
“Eu transpirei um pouco hoje e nem parece. A camisa está sequinha, como se eu tivesse acabado de colocála”, observou, antes de fazer a comparação com o passado. “No intervalo dos jogos, a gente sempre trocava a camisa por causa do tanto que ela ficava encharcada de suor. Principalmente a minha, pois eu corria muito.”
A conclusão, para Zé Maria, é simples. “Quem não consegue atuar em um campo como este, com os equipamentos modernos de hoje, não tem condições de jogar bola. Tem que ser chamado de perna de pau.”